sábado, março 29, 2003

OU PENSAVAS QUE BASTAVA APRENDER O HINO? Deco estreou, entrou, marcou. Mas nada de festejos: primeiro precisamos de saber se ele será adepto do Pinochet. Ou pensavas, irmão, que bastava aprender o hino? PM
PÕE CARAÇAS NISSO: Entre os mails recebidos, destacam-se mais uns tantos da Rita Dias, a mais indignada das nossas leitores, e de quem já aqui falámos. A Rita manda-nos regularmente comentários furibundos sobre o posts da Coluna. Mas no seu último mail acrescenta também uma bocas à minha aparição televisiva na RTP (o primeiro canal a cobrir a guerra). Diz a Rita, implacável, que eu tenho uma dicção «entaramelada» e que sou «feio para caraças». Um dos diagnósticos é velho, o outro novo. Nunca dei por deficiências pronunciativas, e os meus amigos, apesar de comparecerem contrariados aos meus recitais, calaram infamemente essa debilidade mediática. Mas fica aqui prometido que vou recorrer aos serviços da Sra. D. Glória de Matos (que diabo, se resultou com o Prof. Cavaco, também há-de resultar comigo). A questão estética, helàs por moi, é bem conhecida cá de casa, e bastante mais dispendiosa de alterar (nunca mais vem o cheque do Pentágono). A minha condição de P.E.A. (Pessoa Esteticamente Alternativa) é a prova de que os gregos não tinham razão: a beleza nem sempre acompanha a sabedoria. Mas se a opinião pública pressionar, prometo só aparecer na rádio, e mesmo assim só depois de tratar da dicção. Mas repare, Rita, que há vantagens em ser P.E.A.: quem lhe disse que eu não quero ser líder do PSD ou do PS? PM
SERVIÇO PÚBLICO: O João enganou-se num post na população da China, e logo choveram uma dezena de mails sapientíssimos a rectificar a coisa. Thank you so much pelas correcções. A vossa cultura faz-nos sentir tão estúpidos como autarcas do Bloco Central. Mas acho que os Infames podem lucrar um pouco com a sabedoria e inside information dos nossos leitores. Assim, leiam este post:

Encontro, metido no meio de uma Spectator, o post it com o telemóvel da Cristina Mohler, o tal que ela me mandou na festa da semana passada, e que tinha perdido. Escrevo o número na agenda, para não me esquecer: 96 634 54 56. PM

Este número, ao que parece, é falso. Mandem-me por favor o número correcto. Obrigado. PM
OS BRAVOS DO PELOTÃO: Actividades jornalísticas e literárias deixaram-me semi-ausente nos últimos dias. Mas os Bravos Infames mantiveram a Coluna em marcha (para Bagdad). E agora, vejam só: novidades, a estreia de blogs, e imensos mails (incluindo a nossa amiga de Nápoles oferecendo convívio bucal). Deixem-me arregaçar as mangas, pôr o telefone vermelho no descanso, dispensar a criadagem pelo fim-de-semana e meter-me ao trabalho. I'm back. PM

sexta-feira, março 28, 2003

O THOMAS MANN DA MESOPOTÂMIA: Não bastava o morticínio ou a fortuna gigantesca. Como todos os ditadores da História, Saddam resolveu experimentar a literatura e o romance. O resultado é Zabiba e o Rei, livro que chegou hoje às livrarias portuguesas pela Europa-América, depois de ter sido editado na China, Índia e França of course. Em Zabiba e o Rei, um Rei da Mesopotâmia apaixona-se, candidamente, pela plebeia Zabiba. Mas Zabiba, segundo a metáfora, é o Iraque, assim como o Rei é o próprio Saddam. E todo o livro é sobre esta paixão de Saddam por uma plebeia que simboliza a ascensão do Iraque.
ANDREW: Ouçam mestre Sullivan. Não é preciso escrever mais nada.

One lesson of the ferocity of the Saddamite resistance is surely this: who now could possibly, conceivably believe that this brutal police state would ever, ever have voluntarily disarmed? Would a regime that is forcing conscripts to fight at gun-point have caved to the terrifying figure of Hans Blix, supported by the even more itimidating vision of Dominique de Villepin? I'd say that one clear lesson of the first week is that war was and is the only mechanism that could have effectively disarmed Saddam. If true disarmament was your goal, it seems to me that the inspections regime has been revealed, however well-intentioned, as hopelessly unsuited to staring down a vicious totalitarian system. PL
TOLERÂNCIA: Coisa curiosa: dou um erro perfeitamente desculpável num post recente - troquei 13 biliões de pessoas por 1300 milhões, ou seja, confundi a minha conta bancária com a população da China - e a caixa electrónica da Coluna rebentou de insultos, radicalismo e ódio. Deve ser isto a velha «tolerância» de que fala a Esquerda. JPC
PACIFISMO E PLURALISMO: Boas notícias, gente da paz. Têm agora à vossa mercê um novo Pugwash (sem o Bertrand Russell, claro, mas não se pode ter tudo na vida). O «Movimento pela Paz» nasceu no Porto e é um primor de pluralismo: PCP, Bloco, Verdes, acompanhados por associações de estudantes, sindicatos e, não nos esqueçamos, pelo providencial Movimento Democrático de Mulheres. É desta que a guerra acaba. PL
TENHA MEDO, TENHA MUITO MEDO: Segundo parece, a China tem 1300 milhões de almas, número assombroso que transforma a República no mais povoado território do mundo. Ouçam bem: 1300 milhões de almas. Isto, que é um truísmo enciclopédico, foi prontamente esquecido pela histeria do jornalismo que nos servem. De acordo com as notícias avançadas, 34 pessoas - eu vou repetir: 34 pessoas já morreram devido a um vírus de gripe assaz atípico que, verdade seja dita, também ceifou mais uma dúzia nos territórios vizinhos. Ou seja, em 1300 milhões de pessoas, 34 - eu vou repetir mais uma vez: 34 tombaram devido a uma gripe atípica. No fundo, no fundo, o que seria de nós se o jornalismo reinante não servisse um novo Apocalipse todas as manhãs, com o café do pequeno-almoço? JPC

P.S. Obrigado aos leitores pela correcção demográfica. Vou trocar de enciclopédia.
MIAU, MIAU: Tenho andado na corda bamba. Mas só uma única vez senti a sombra da desgraça sobre mim: quando assinei um artigo onde partilhava com o mundo o meu genuíno desprezo pela prosa de Mia Couto. Foi no Independente e os argumentos são resumidos numa única frase: acho Mia Couto um caso extremo de iliteracia, só tolerado pela crítica lusitana porque os complexos coloniais continuam a fazer-nos cócegas no miolo. Escusado será dizer que a minha caixa electrónica entupiu. Recebi de tudo: prelecções académicas, teses de mestrado sobre a literatura das palhotas, insultos suínos, uma ameaça de morte e um vírus particularmente esfomeado que, verdade seja dita, passou a ser presença regular no correio lá de casa. Lembro esta história, hoje, porque Mia voltou ao ataque. Como? Por favor, segurem-se: publicando uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos da América. Não, não é apenas Luis Delgado que tem o património da correspondência com Washington. Mia Couto, seguindo uma escola heroicamente inaugurada por Idi Amin - títere africano que tinha por hábito dirigir missivas aos grandes do mundo -, Mia Couto, dizia eu, escreve um longo, longuíssimo panfleto onde dá mostras da sua confrangedora pobreza intelectual e histórica. Entre a distorção grotesca e o puro terrorismo emocional, que os débeis adoram, Mia lá vai desfiando o seu desprezo pela América e o seu amor pelo povo iraquiano. Lemos o que lemos e, por breves momentos, esquecemos tudo: as múltiplas tiranias de Saddam, o sofrimento dos iraquianos sob o jugo do regime de Bagdade, as constantes violações da comunidade internacional, as ligações com o terrorismo, os cheques generosos para as famílias de suicidas palestinianos. Tudo é apagado pela prosa mentirosa e delirante de Mia, que comoveu o coração frágil da Esquerda. Para esta gente, a «liberdade» e a «paz» resolvem-se com retórica, cimeiras, babugem intelectual - nunca pela força, nunca pelo uso terminal da força. Que a História lhes mostre precisamente o contrário, eis um pormenor que não parece arrefecer a consciência utópica dos indígenas. JPC

quinta-feira, março 27, 2003

BOEING 747: Um novo blog apresenta-se aos leitores e, com particular urgência, resolve abrir as hostilidades. Dizem eles que, ao ouvirem a minha entrevista na TSF, ficaram arrepiados com a xenofobia e o racismo exibidos. Eu não pretendo incomodar a sabedoria do asilo. Mas, em abono da verdade, que fui eu dizer à TSF? Se a memória não me atraiçoa, disse muito simplesmente que o 11 de Setembro alterou as nossas concepções do mundo e que a civilização ocidental, porque odiada por um fanatismo criminoso de extracção islâmica, tinha duas opções: ceder ao imobilismo e à chantagem; ou, então, defender-se, combatendo directamente as raízes do terrorismo, ou seja, ditaduras que alimentam redes terroristas e podem, inclusive, ceder armas de destruição maciça a fanáticos que não têm qualquer prurido em usá-las. Contra nós. Contra aquilo que entendemos por «mundo ocidental». Isto, para os rapazes, é um sacrilégio e um abuso. Compreendo. Talvez não fosse um sacrilégio e um abuso se um boeing 747 lhes entrasse pelo apartamento adentro. JPC
CHEGARAM OS FABIANOS: Semanas inteiras a polemizar com marxistas deixam marcas. Não é fácil apanhar com Lenine ao pequeno-almoço. Uma pessoa começa a ter desmaios, cólicas, prisão de ventre. Uns resistem mais, outros menos. Uns padecem com gravidade, outros vão tolerando. Mas com tantas teses sobre Feuerbach uma coisa é certa: qualquer alma sensível ganha uma invulnerável paixão pela democracia burguesa ou aceita todo o socialismo que não signifique plantar batatas no Kholkoze de Almada. Pois bem, gente sofredora: as nossas horas de martírio terminaram. O catecismo bloquista acabou. Chegou o paisrelativo, o blog do socialismo de gravata e scones ao lanche. Os autores? Muitos conhecidos. O Mark Kirkby, fabiano de origem e companheiro de lides académicas, que, por vezes, assina com os pseudónimos Mark Bobela ou Mota Kirkby; o Rui Branco, florentino e, garanto-vos, gente boa; o Pedro Adão e Silva, outro florentino, bem-humorado e o nosso próximo ministro do Trabalho (num Governo da rosa); o Filipe Nunes, um dos poucos esquerdistas que apoia o Belenenses; o Miguel Cabrita; o Pedro Machado, que eu conheci episodicamente há uns anos em Florença. Só não conheço as meninas, peço desculpa, mas com a companha que têm, estão já aprovadas. Rapazes, sejam muito bem-vindos. Agora, se me dão licença, no more apologies e vamos ao que interessa. PL
OPINIÃO PÚBLICA: Estive há dias num programa da RTP, para comentar a guerra e suas consequências. E pude observar de perto a «opinião pública», antes, durante, e depois do programa. Essa «opinião pública» exprimia-se em conversas de café (antes), em apartes (durante), em falatório (nos intervalos), e na discussão (depois). Foi muito curioso registar as reacções de um auditório cheio de pessoas comuns. O que diziam as pessoas comuns: que queriam a «paz», que havia «crianças a morrer», que Bush e Saddam estavam bem um para o outro, que nem mais um soldado para o Iraque, etc. E se alguém falava das violências da tirania, dos curdos, dos familiares assassinados por Saddam, dos enforcados na praça pública, essas pessoas - especialmente as donas de casa - diziam «isso é lá com os iraquianos» (nobres sentimentos). Mas eis que um dos convidados, que tinha trabalhado como operário nos palácios de Saddam, relatou o luxo asiático da casa-de-banho do senhor de Bagdad. E a partir daí - ouçam o que vos digo - as pessoas começaram a mudar de opinião, a comentar que era preciso correr com o facínora, instaurar a democracia, e assim por diante. Não, repare-se, por razões substantivas (os curdos que se quilhem), mas por causa do luxo que ofendia os membros da audiência na sua condição de suburbanos remediados. Isto, meus amigos, é a «opinião pública». E querem alguns basear a moralidade política nas comichões mutáveis destes aglomerados tontos. PM
OS ROGEIROS CANHOTOS: Fomos forçados, pela avalanche mediática e pelos muitos mails, a entrar no tema «guerra». Mas não nos pronunciamos sobre os aspectos militares mais concretos, porque não sabemos nada de estratégia, modelos de caças, armas químicas e coisas assim (somos uns belicistas muito amadores...). Mas gostamos de ver a sabedoria militar dos que se pronunciam sobre a maneira como a guerra está supostamete «a correr mal» à Coligação. Muitos desses comentadores nem sabem de que lado uma pistola dispara, mas são uns peritos a dar bitaites sobre flancos, raides e minudências guerreiras. E ainda falam mal do Rogeiro... PM
MAIS EQUIVALÊNCIAS: Ao que parece, a rádio inglesa não vai transmitir certas canções que lembrem a guerra. «Vêem, não é só o Iraque que tem censura», clamam os pacifistas. Quando fazem essa comparação, não sentem, nem por momentos, uma náusea de desonestidade? PM
UMA RAZÃO LITERÁRIA PARA A GUERRA: Mia Couto. PM
DESCULPA, Ó ALVES: Temos lido os mails de leitores e os posts de Andrew Sullivan sobre a BBC, e só podemos pedir desculpa à TSF, que ao pé da sua congénere inglesa é verdadeiramente a Rádio Mundo Livre. PM
MAMADA: A excessiva atenção que V. Exas. dedicam à guerra despreza outros acontecimentos em curso, sem dúvida mais subterrâneos mas não menos determinantes. Quase todos, diga-se, ocorrem na Sic Mulher. Ainda hoje, o essencial programa "Sexto Sentido" discutiu a gravidez, o parto e por aí afora. No "por aí afora", as senhoras presentes debruçaram-se (digamos assim), e vá lá saber-se porquê, sobre a "mamada". Repito, escudado na citação: a mamada. Durante horas de emissão, o termo foi usado e abusado com largo despudor, ignoro se em obediência aos conselhos recentes de peritos ingleses, ou se motivado por malignos e ocultos propósitos. De qualquer modo, elas bem tinham avisado: um canal sem tabus. (Alberto Gonçalves)

Caro Alberto: a Coluna não despreza a importância decisiva da Mamada, sem a qual o curso da História Universal teria sido muito diferente. Não temos estado atentos à SIC Mulher, nossa máxima culpa, mas sabemos que outros canais têm tentado a Mamada como arma de prime time, com resultados modestos. E agora, repare neste prodígio: vamos terminar esta brevíssima resposta sem nenhuma referência a JAD. A não ser esta da frase anterior, subliminar ou evidente, como preferirem. As ideias misturam-se melhor no sono REM. PM

quarta-feira, março 26, 2003

OS COFRES DO PENTÁGONO NÃO VÃO AGUENTAR: O Manuel Pinheiro, um dos criadores do blog De Direita pede-nos que o divulguemos. Com todo o gosto, Manuel. Eis o link. Os nossos patrões não vão ter guito para tanto vassalo. PM
UM POUCO DE HISTÓRIA: Almeida Santos aparece constantemente como um dos "cães de fila" do movimento anti-guerra. Mas, verdade seja dita, o ex-deputado é um autêntico pacífista em tudo o que para mim este termo comporta. Ou seja, pacífista é, na meu modesto leigo entender, alguém que escolhe sempre o caminho mais fácil; aquele que em vez de pautar a sua acção pela ética e pela coragem, fá-lo conforme o resultado que lhe provocar o menor numero de danos possível; no fundo, que melhor termo para definir o pacífista que não seja a expressão: COBARDE. Neste sentido, nunca é demais lembrar as misteriosamente "abafadas" palavras de Almeida Santos, em 3 de Agosto de 1974, ao jornal "Expresso", numa altura em que este pacífista era Ministro da Coordenação Interterritorial: "Timor, digamos que é um transatlântico imóvel, que nos custa muito dinheiro. A indonésia não está interessada em nos substituir no suporte financeiro a Timor. Há três correntes: Uma é partidária da independência total, o que é de um irrealismo atroz; outra defende uma ligação com a Indonésia, que, como já disse, parece não estar interessada; outra sustenta a manutenção de uma ligação com Portugal; e esta parece ser a soluçãp fatal neste caso, visto não haver margem para grandes raciocínios nem capacidade de manobra. Eu, francamente, não gostaria que o saldo do nosso ex-império colonial viesse a ser apenas uma permanência na Indonésia ocupando metade da ilha de Timor. Pode, no entanto, vir a suceder." O curioso é que este senhor foi, durante a crise pós-referendo em timor, uma das "cabeças-de-cartaz" do movimento pela libertação deste Estado. Também foi este pacífista "dos quatro costados" que, enquanto Presidente da Assembleia da Republica, se recusou a receber na assembleia da republica aquele que era até então, pasme-se, considerado como o mais Pacífista dos pacífistas: o Dalai-lama. Digo-vos, o mais GRAVE, disto tudo é que, durante anos, foi este o "homem máximo" daquele que é o mais democrático dos orgãos de soberania da nação! (Manuel Castelo Branco)

Não me parece, caro Manuel, que os pacifistas sejam necessariamente cobardes: também há cobardes belicistas. Não é aconselhável enveredar por essa catalogação moral. Um conservador não aprecia esse método. Agora quanto às incoerências de alguma esquerda, e do PS em particular, estamos conversados. Se nos mandar mais posts sobre o assunto, a Coluna fica sem espaço para mais nada. PM
PRIVATE DUNCAN: Private Duncan, homem de extremo-centro, perguntou-nos se achamos que esta guerra é legal. Sim, achamos que se pode defender a legalidade da guerra. Mas, sobretudo, achamos que, quer se baseie ou não na Resolução 1441 do Conselho de Segurança e noutras resoluções das Nações Unidas repetidamente violadas pelo Iraque, esta é, precisamente, uma guerra por um novo Direito Internacional da Guerra. O actual, dependente de um Conselho de Segurança de 5 países, de uma Carta que não prevê o direito de ingerência humanitária e conserva ainda capítulos para os territórios sob tutela, está definitivamente obsoleto. PL
LOUÇÃ, JÁ TENS SUCESSOR : O Ricardo Noronha (ó João, tens um irmão comuna?) teve uma congestão de infâmias, e mandou-nos uma daquelas diatribes marxistas puras e duras que afinal o burgo ainda esconde. Sem humor, e de mão na Kalashnikov, vamos responder sumariamente a este amigo de classe operária (sempre que há alguma coisa a responder). Aqui estão os posts comentados, por ordem inversa à ordem do Blog de Esquerda, onde apareceram.

Falta-me espaço e tempo para comentar o sexismo infame neo-chique dos neo-conservadores. Prometo voltar à carga quando tiver ocasião.

We can't wait. Não se esqueça de nos chamar «homófobos».

Os argumentos relativos à suposta predisposição dos franceses para a rendição, ainda por cima invocando a II Guerra Mundial, também permitem algumas gargalhadas. Pois era outra coisa senão conservador esse governo que tanta facilidade teve em entender-se com os Nazis? E seria ele mais ou menos francês do que a resistência que se prolongou durante toda a ocupação nazi? E os governos norte-americano e britânico que resolveram não intervir em Espanha, onde alemães e italianos testaram o seu material mais recente e as suas novas tácticas de guerra motorizada? Seriam eles por acaso pacifistas de esquerda? Os argumentos de comparação desta guerra com a ascensão do fascismo são ridículos. A única comparação minimamente aceitável é a que atribui responsabilidades aos governos das "democracias ocidentais", pela criação das condições óptimas ao fundamentalismo religioso, e/ou a regimes ditatoriais de origem militar (como outrora ao fascismo), para que estes crescessem e se afirmassem contra as "ameaças" nacionalista ou comunista em emergência no mundo árabe durante a Guerra Fria. Como dizia Kissinger relativamente a Somoza, o sanguinário ditador da Nicarágua: "Ele é um filho da puta. Mas é o nosso filho da puta."

Vichy era um regime conservador autoritário e beato, nós somos conservadores democráticos e laicos (independentemente das opções religiosas de cada um). Quanto à resistência, lembro que foi uma coligação enorme de franceses de todas as áreas políticas, mas que um conservador, De Gaulle, teve alguma importância no assunto (a não ser que ache que De Gaulle era um guerrilheiro de miocrofone» como dizia... Vichy). A comparação com o fascismo e o nazismo tem apenas a ver com os perigos do pacifismo, nada mais. Quanto ao resto, de acordo, excepto o ponto das «alianças perigosas», que merecerá um post mais extenso em breve.

A esquerda enganava-se no Afeganistão, diz a direita cheia de esperteza saloia. «Diziam que ia ser difícil e em três meses tudo se tornou fácil». Convido todos aqueles que sustentam a ideia de que o Afeganistão se tornou uma democracia e um lugar seguro para viver, após a invasão americana, a passear fora das duas ou três principais estradas e a penetrar no "país real", onde os senhores da guerra e das papoilas, os chefes tribais, continuam a fazer a sua lei e a gozar na cara do governo fantoche de Karzai e das divisões americanas ali estacionadas.

Convido-o a dizer a um afegão na rua - e sobretudo a uma afegã na rua - que está pior agora do que com o regime talibã.

O discurso sobre a guerra tem sido particularmente infame. Todos desejam que haja poucas baixas entre a população civil, mas «se tiver mesmo que ser, então seja». O que estamos a ver é que nenhuma guerra, a não ser as que se passam em filmes de Hollywood ou jogos de computador, é verdadeiramente cirúrgica (pelo menos na medida em que o emprego da metáfora não se distancie quilometricamente do sentido original da palavra "cirúrgica"). E agora vêm os americanos queixar-se de que os iraquianos não combatem segundo as regras. É preciso ter uma enorme dose de humor para lidar com tanto cinismo sem recorrer a insultos. O país que mantém centenas de presos em Guantanamo às margens de qualquer legalidade, sem sequer uma acusação e qualquer tipo de prova, vem falar de legalidade? Esperavam porventura que os iraquianos ficassem simplesmente à espera de uma derrota honrosa e leal, segundo as regras da cavalaria, quando estão a defender as suas casas e famílias? Com um pouco de sorte dividiam o campo, marcavam as horas e escolhiam as armas. É óbvio que o número de vítimas tem tendência a aumentar quanto maior for a vontade de resistir da população. E mesmo quando os americanos chegarem a Bagdad, poderão eles fazer outra coisa senão aquilo que os Israelitas fazem em Gaza e na Cisjordânia – intimididar e assassinar com o intuito de desmoralizar a resistência?

Uma guerra é uma guerra. Desejamos o menor número de vítimas. Se os americanos e os ingleses não tivessem (como felizmente têm) a imprensa e a opinião pública a vigiar imagens e informações, podiam arrasar à vontade, e ganhar selvaticamente, como se fez desde o início dos tempos até há quarenta anos atrás. Ainda bem que isso mudou.

Na política, cujo regresso foi entusiasticamente saudado, não vivemos no domínio das intenções e sim dos actos. Historicamente, não é nenhuma ficção afirmar que a direita conservadora apoiou, facilitou e/ou desejou a ascensão do fascismo para combater a praga da revolução social e colocar fora da lei a luta de classes. Assim foi na Alemanha, em Espanha, em Itália, em Portugal, Chile, Argentina ou Grécia. O Pedro Mexia, ao justificar o seu sentido de voto nos partidos da coligação governamental, estava apenas a ser irónico, mas não deixou de enunciar a forma de pensamento típico de um conservador em tempo de crise e convulsão: contra a subversão, a ordem a todo o custo.

A primeira parte do post é historicamente semi-verdadeira, mas é histórica, e não lhe quero lembrar a história daquela que foi a sua família política (a que imaginamos pelos posts). Recebemos o conservadorismo a benefício de inventário: analisando criticamente e rejeitando o que nos parece espúrio, ultrapassado, perigoso. A nossa percepção aguda dos fascismos mostra bem que aprendemos essa lição.

É como diz António Ferreira (autor do excelente «A queda do fascismo»): declarações de amor à democracia qualquer ministro turco do interior as pode fazer. Para a direita conservadora, a democracia que temos já é muito boa e devíamos dar-nos gratos por a termos. É como que uma espécie de dávida, que os indivíduos esclarecidos cá do burgo nos concederam num momento de inexcedível generosidade, para que nós pudéssemos confirmar-lhes o nosso apoio na sua missão dura de zelar pelos nosso destinos e contribuir para a nossa doutrinação civilizadora. Algo que devíamos valorizar muito, em vez de questionar teimosamente. Não admira por isso que achem necessário sujar um pouco as mangas do fato a pôr-nos na ordem outra vez – tudo para nosso bem, é claro – quando levantamos demasiado a garimpa. «Deixem-me trabalhar», dizia o outro, em quem por certo ainda votará o Pedro Mexia quando for ocasião para isso.

Esta parte é um disparate pegado, e não tem resposta possível. Para escrever coisas assim nulas, não vá para o Bloco: inscreva-se nos Verdes.

Em Itália, Berlusconi é corrupto e utiliza métodos fascistas (entre os quais fazer desaparecer activistas sindicais durante dias, fora de qualquer legalidade). Mas, para qualquer conservador italiano, "ou ele ou os sovietes". Pois não se viu já que na linha da frente dos que se opõem a este estado de coisas estão precisamente os mesmos agitadores de sempre (agora ao que parece a precisar de um banho e um novo par de calças)? Eventualmente, opormo-nos à direita, ainda que populista, autoritária, xenófoba, anticonstitucional, não fará de nós, objectivamente (esta é uma palavra que Pacheco Pereira herdou inequivocamente do seu antigo ídolo bigodudo), cúmplices de algo terrível, algo que se assemelha a uma traição, agora que a guerra, global, omnipresente, permanente, começou e a linha da frente está precisamente aí, a separar os bons e os maus, verdadeiros e falsos amigos da democracia?

O que quer que ache de Berloscuni, compará-lo ao fascismo mostra o seu respeito pela democracia.

Este medo, este pavor que os que mandam e seus respectivos cães de guarda – os cúmplices e os ideólogos da "normalidade" – têm da ralé, da chungaria, dos mitras, da subversão. E também das palavras claras, do conflito, do gesto claro e inequívoco de recusa da mentira e da farsa, da raiva e do ódio dos espezinhados, entediados, crédulos, alienados e sempre bem comportados (até ao dia...) zés-ninguém. Este medo, evidente na prontidão com que se coloca fora da democracia quem pura e simplesmente não partilha a fé na nossa democracia de baixa intensidade, não se explica apenas por convicções fortes. Por se sentir pouco segura relativamente às soluções democráticas e civilizadas próprias dos países desenvolvidos, a direita portuguesa reproduz todos os medos do inconsciente da burguesia portuguesa, desde 1974 receosa de que novamente a populaça se erga para lhe "roubar" o latifúndio, a fábrica e o banco, há gerações na família. Basta ver a velocidade e carinho com que Cavaco Silva entregou aos expropriados as suas antigas posses, os indemnizou pelos incómodos e se apressou a tranquilizá-los com o corpo de intervenção e o SIS, quando novamente soaram ruídos de descontentamento. Estes senhores têm medo da multidão e é esse medo que os atira para as posições mais reaccionárias. Por isso se servem da direita tachista (enquanto esta pintar alguma coisa para este campeonato) para nos dizer que temos de apertar o cinto e, a seu tempo, se servirão do populismo autoritário que emerge da crise social, económica e política em que vivemos, quando essa lhe parecer a única solução. Trancam as portas do carro assim que vêem aproximar-se algum indivíduo com aspecto menos remediado. "Chungoso, logo perigoso". E talvez não se engane tanto como isso ao ter medo. Basta andar um pouco mais nos transportes públicos desta cidade para perceber que algo de terrível resultará de tanto mal estar. A nossa miséria consumir-nos-á lentamente, mas só enquanto não os consumir a eles rapidamente.

Ó amigo, você está em comiciete terminal. Se não fosse de esquerda, diríamos que era o Travis Bickle. Avise-nos quando for poder, para nos pirarmos com as pratas para Boston.

Tudo isto para dizer que o posicionamento político e as opções que são feitas não obedecem a qualquer régua e esquadro e nem sempre cabem nas grandes famílias doutrinárias. Hoje conservadores, amanhã um pouco autoritários, logo depois anti-democráticos. Apenas o quanto baste. «Ou isso ou os sovietes», como já dizia, por certo com mais razão do que se quer imaginar, um qualquer nazi com as mãos manchadas de sangue. E não custa dizer que não foram apenas os Nazis, ou não estivesse já essa caminho iniciado por alguns eminentes dirigentes do «socialismo democrático», como Ebert – ministro alemão da Social-Democracia que ordenou o assassinato de Rosa Luxemburgo e de Karl Liebknecht em 1919, a quem pertence a famosa divisa «O Socialismo significa "trabalhar muito"» – ou Largo Caballero e o liberal Azaña, que ordenaram uma repressão de camponeses andaluzes em 1933, em Casas Viejas, onde homens e mulheres foram regados com gasolina e queimados vivos. Barbárie? Por certo tudo isso tem mais a ver com esta nossa (?) civilização do que o querem reconhecer certos civilizados. Há sempre um contexto para o texto do posicionamento político, por mais altissonante que este possa revelar-se em determinados momentos. À sua maneira, Estaline era um conservador e não por acaso se entendeu tão bem com Churchill. Após a sua ascensão ao poder, entre outras coisas, passou a ser lei a proibição do aborto e da homossexualidade, a subordinação dos trabalhadores à hierarquia das empresas, a glorificação do esforço e do trabalho, dos valores da família e da pátria. Há tantas camisas que servem a mesma compleição...

Grotesco. Continua a falar do presente através de suposições do passado, aliás discutíveis. É como dizer que quem quer mudar o mudo (a esquerda) acaba sempre por fuzilar gente (o estalinismo). Essa demagogia vale o que vale: nada. E chamar a Estaline «conservador» mostra bem o seu analfabetismo político. Ah, a nazi será a sua mãezinha.

Primeiro que tudo, a cartografia da direita. O Pedro Mexia não hesita em demarcar-se da direita real. Nada tem a ver com os broncos liberais tecnocratas e carreiristas do PSD, ou os pseudo-conservadores das feiras, da moderna, dos pensionistas, dos veteranos de guerra, do CDS-PP. A direita dele tampouco é fascista e para prová-lo estão as opções bem claras afirmadas em voz alta. «Somos de direita, sim. Mas antes de mais nada democratas e conservadores.» Como se pudesse ser assim tão simples. Ouvi uma vez da boca do Domingos Abrantes, dirigente do PCP há mais de 40 anos (por certo admirador das virtudes democráticas de Pyongyang), que «a reacção não brinca em serviço e, mesmo que hesite ao longo da corrida, quando necessário sabe escolher o cavalo que mais depressa atinge a meta». Assim, à falta de melhor e por agora, lá se foi o voto para a direita bronca, que Pedro Mexia odeia tanto como outro qualquer ser humano inteligente. Tudo porque, goste-se ou não, «era isso ou os Sovietes...».

A incapacidade para topar a ironia parece ser a doença infantil do esquerdismo. Tudo bem, as leituras deles não ajudam. Quanto à direita, é preciso conhecê-la como eu a conheço para realmente fugir dela a sete pés como eu fujo. Os Infames são três amigos, não são a extensão de nenhum partido, Internacional, think tank ou o que seja. Gostamos de estar em contacto com a esquerda, para nos sentirmos de direita. Se nos dêssemos só com a direita, a esta hora éramos bloquistas.

Com esse radicalismo todo, você ainda descobre a luz e acaba no PSD. Divirta-se um bocado com meninos ou meninas, vá ao cinema, compre uns ténis novos, relaxe. Tanto fervor revolucionário pode fazer mal aos órgãos vitais. Trate de si, Ricardo, que Rosa Luxemburgo não lhe vai puxar os cobertores e dar xarope.

E agora, vou voltar para o latifúndio. PM
QUANTO MAIS FILHA: Se tiverem fotografias da filha de Dick Cheney, enviem-nas para o mail da Coluna. É preciso saber se este escudo humano oferece protecção suficiente. PL
MIA COUTO: Não li a carta de Mia Couto. Mas preocupa-me que Bush possa pensar que Mia é uma cantora brasileira. PL
O GALO TORNA A FUGIR: É mais uma vez extraordinária esta posição francesa. Caso Saddam utilize armas químicas, a França prestará assistência humanitária sem intervir no conflito militar. Um conselho: se o Iraque utilizar armas químicas, a França que fique calada. PL
ADORO QUANDO ME CENSURAS: JAD no Parlamento fustiga fogosamente o governo. E os rapazes pareciam gostar. Adoro quando me censuras. PM
CURTO E GROSSO: Um leitor cujo mail é «private duncan» (será o senhor que mandou a granada?) pergunta-nos:

Não sou de esquerda nem de direita, mas inquieta-me a vossa arrogância (e que seca a vossa obsessão com o BE!); vocês também não são claros... pergunto eu: é ou não ilegal esta guerra? De certeza que vão enquadrar, contextualizar, subtilizar, exemplificar... era engraçado saber a vossa CLARA opinião sobre o atropelo da ONU... (por favor, não me venham com o Guterres e o Kosovo!)

Caro Soldado Duncan: Antes de mais queremos expressar a nossa preocupação pela sua indecisão ideológica: se não tem ideias definidas sobre o mundo, supomos que deva ser democrata-cristão, mesmo que ainda não saiba. Não perca tempo: tome, rapidamente, algo contra a obstipação e diga asneiras de vez em quando, que desopila. E obrigado pela acusação de «arrogância», fazia quase três dias que não recebíamas essa. Our aim is to please, como dizia o outro. Quanto à assídua presença do BE na Coluna, caro Soldado Duncan, tem apenas a ver com a hiperactividade mediática e bloguística do Bloco e seus membros e simpatizantes, que por isso necessitam de réplica Infame; mas só se pode realmente falar de «obsessão» nossa com o BE em relação a um terço do seu grupo parlamentar. Chega de lambarices. Quanto à nossa clara opinião sobre esta guerra, e sem qualquer contextualização: achamos que é uma guerra de libertação (do Iraque) e de auto-defesa (dos EUA e do Ocidente), e por isso justificada, mesmo se à margem da duvidosa «legalidade internacional» por ora reinante. . E como nos pede para não explicar, aqui fica a resposta sucinta. PM
RÁDIO BAGDAD: Um leitor, chama-nos a atenção para a Antena 1, que ao que parece disputa acirradamente com o TSF o título de Rádio Bagdad. Façam-nos chegar exemplos, por favor. PM
PRECISÃO: «(...) lamentamos todos os mortos civis iraquianos, lamentamos todos os mortos militares da Coligação. E esses são os mortos que lamentamos». Penso que muitas das baixas militares iraquianas, serão milicianos forçados. Terão direito também a um parsec de silêncio. (José Moz Carrapa)

Tem toda a razão, José, E esses desejamos que desertem, que se rendam, que se rebelem contra os seus líderes. O nosso post referia-se aos fiéis do regime, nomeadamente à Guarda Republicana e às milícias dos Hussein Jr. Essa gente é cúmplice da tirania, e não têm mais desculpa que os homens de mão dos nazis. PM
A VOSSA ATENÇÃO: Este blog é mantido por João Pereira Coutinho (JPC), Pedro Lomba (PL) e Pedro Mexia (PM). Os posts são assinados, e embora sejamos solidários com o que cada um escreve, as eventuais respostas são individuais. Mas para isso pedimos que os leitores indiquem no mail o autor do post comentado, ou o autor que querem ver a responder. E leiam bem as iniciais da assinatura, porque temos recebidos mails trocados. Assim, o Pedro, que está de casamento marcado, recebeu nude pics de uma leitora da Arrentela, o João foi parabenizado pelos seus poemas, e eu fui aconselhado a comer mais doces porque estou muito magrinho. É o descalabro, meus amigos, não pode ser assim. Vamos lá a atinar com os autores, o seu perfil e as suas necessidades gastronómicas e sexuais. Se não for pedir muito. PM
AH, FADISTA: A nossa leitora Rita Dias pertence a uma estirpe que julgávamos extinta: a das pessoas que se indignam com as nossa «alarvidades» (a sua palavra predilecta). Estamos a escolher um dos 37 mails que nos mandou com os seus protestos pacifistas, e aqui o postaremos. Se não fossem leitores como a Rita, para quem é que escrevíamos este blog? Para o Luís Delgado não vale a pena. PM
MALANDRICE: Estamos a receber spam de Itália, certamente mandada por um malandro esquerdista. Os últimos dois mails ofereciam «22.000 receitas de cozinha» e os serviços de «Arianna, 22 anos, de Nápoles, perita em massagem e felação». Bom, tendo em conta que já jantámos... PM
ARMAS DE OPOSIÇÃO MACIÇA: Ouvi algures Fernando Rosas falar em «oposição maciça» à guerra. As sondagens, entretanto, mostram que o apoio popular a uma intervenção militar é maior agora do que há umas semanas. Em matéria de objectividade, ficamos conversados. PL
Q.I. A Esquerda reinante pode finalmente descansar. Bush foi aprovado nos testes psicotécnicos. O QI do homem é totalmente humano. PL
ESSES NÃO CONTAM: O embaixador José Cutileiro (um belicista troglodita, como se sabe), teve sobre esta guerra a frase mais sucinta e exacta (cito de memória): «Já morreram dez americanos? Não, morreram três mil e dez». Ah, mas esses não contam... PM
NÃO DIGAS QUE EU DISSE: Quanto aos comentários «sexistas», «marialvas», ou o que quiserem, meus amigos, isso não distingue a esquerda e a direita, como sabe quem conversou mais de três vezes com gente de ambos os lados. A diferença está em que a esquerda, depois de comentar as maminhas da deputada, nos pede: «não digas que eu te disse isto» (não é um exemplo imaginário). É isso precisamente que o politicamente correcto significa: o reino das aparências. A «hipocrisisa burguesa» está bem vingada. PM
QUESITOS 518 A 574: Reparamos, de olhos bem abertos, que um leitor do Blog de Esquerda, publicou no dito os fascículos 518 a 574 da colectânea Marxismo Hoje. Teremos que responder, é evidente. Mas só mais logo, amiguinhos. Desde que chegou a democracia, os Infames deixaram de contar com as roças em S. Tomé e têm que escrever artigos, dar aulas, entregar papers e assim. O dia pertence ao castigo do pecado, que segundo a Bíblia é o trabalho («o suor do rosto»); a noite pertence, é claro, ao pecado, isto é, à infâmia. PM
PASSA O JOGADOR, NÃO PASSA A BOLA: Francisco Louçã, líder daquele partido que teve 25 % nas eleições, apresentou ontem um livro contra a guerra, escrito em parceria com Jorge Costa. Eu nunca gostei desse sarrafeiro... PM
SADDAM-MASO: Tortura matinal: o Fórum TSF. A Rádio Bagdad chega a extremos indecorosos. Nem a Al-Jazeera tem um discurso assim. E depois digam-nas que «a esquerda, coitadinha, não está representada nos media, bla bla bla». PM
FALTA A FOTOGRAFIA: David Hare escreve um artigo no Daily Telegraph onde relembra ao mundo o argumento preferido da manada pacifista: não existe uma ligação óbvia entre Saddam Hussein e o 11 de Setembro. Estas palavras, meus amigos, são sérias e, pior ainda, são verdadeiras. Espantados? Por favor, não estejam. Não existe, de facto, uma «ligação óbvia» entre uma coisa e outra - sobretudo se entendermos por «ligação óbvia» uma fotografia de Saddam e Ben Laden, algures em Bagdade, construindo duas Torres Gémeas em plasticina para prontamente as amassarem com dois aviões da Playmobil. Infelizmente, David Hare parece esquecer este dado fundamental: a campanha em curso não é uma resposta militar aos autores óbvios do 11 de Setembro. A campanha em curso, cautela, é uma resposta militar ao terrorismo. E, quando aqui chegamos, devemos colocar uma questão prévia: como emerge o terrorismo? Quais as causas do fanatismo islâmico? Para os leitores do Prof. Boaventura, as causas são económicas e uma maior redistribuição da riqueza evitaria estes fenómenos. Infelizmente, a sabedoria do Prof. Boaventura, e dos acólitos que o seguem, parece esquecer este dado curial: de acordo com as Nações Unidas, os cinquenta países mais pobres do mundo não têm organizações terroristas. O que obviamente nos atira para a evidência: é em estados sanguinários, dominados pelo ódio demencial ao Ocidente e com um acesso facilitado a armas químicas e biológicas que as redes terroristas encontram ninho e apoio. Saddam Hussein apresenta ligações com estas redes e a utilização de armas de destruição maciça consta do historial do tio Saddam. Uma fotografia dava jeito. Mas, na ausência de retrato, um pouco inteligência chega. JPC

terça-feira, março 25, 2003

STAY WITH ME: Em Pulp Fiction, quando Travolta regressa do wc, Amanda Plummer aponta-lhe a pistola, fazendo com que o anterior alvo, Samuel L. Jackson, furioso, grite: «Wanda, stay with me, baby». Agora que JPC e PL estão sob fogo cerrado dos leitores que nos escrevem furibundos, não se esqueçam que eu também tenho opiniões detestáveis, reaccionárias, infames. Porque nos últimos mails, até há elogios à minha poesia... Por favor... Não me envergonhem ao pé dos outros Infames. Ataquem-me, insultem-me. Stay with me. PM
LE PEN CLUB: O nosso leitor Pedro Guedes interroga-se: «Será que as vozes das deputadas do bloco não chegam ao mundo árabe? A esquerda está a perder, e bem, a exclusividade da luta contra a guerra». E segue-se esta bela notícia: 250 millions de téléspectateurs pour Le Pen ! Loin de toute hypocrisie et de tout faux-semblant, Jean-Marie Le Pen a pu longuement expliquer jeudi les raisons du refus des patriotes français de la guerre d’agression contre l’Irak. Pendant 1h30, le chef de file des nationaux était l’unique invité d’une émission spéciale d’une chaîne de télévision iranienne, concurrente d’Al-jazira, laquelle émet en direction de nombreux pays arabes. Ce sont ainsi 250 millions de téléspectateurs qui ont pu entendre le porte-parole de la droite nationale, dont les propos, abondamment commentés dès le lendemain dans la presse des pays en question, ont été très favorablement accueillis. De quoi encore accentuer la notoriété et le capital de sympathie dont jouit Jean-Marie Le Pen à l’étranger. Visto que as facções há meses antagónicas estão de acordo no tema mais importante da actualidade, é caso para dizer que se as eleições fossem agora, Chirac teria 100%. PM
LEIAM BEM: Para quem tenha dúvidas, aqui fica, sem meias-palavras: lamentamos todos os mortos civis iraquianos, lamentamos todos os mortos militares da Coligação. E esses são os mortos que lamentamos. PM
QUARTÉIS: Cresci no meio de quartéis, fardas, galões e um estranho convencionalismo que rodeia o mundo militar. Lembro-me de furar a divisão entre oficiais e sargentos porque nos poisos destes últimos encontravam-se as miúdas mais giras. Lembro-me de não me interessar nem um pouco por maciços volumes de estratégia militar que o meu pai, com abnegação, procurava que eu lesse. Lembro-me de achar, como ainda acho, muitos dos generais e outros oficiais portugueses retardados mentais. E lembro-me também de ouvir, como ainda ouço, a visão idílica e cerimoniosa do meu pai sobre a profissão militar. É essa visão de respeito, de risco, de admiração que me ocorre quando chegam notícias sobre os soldados tombados no Iraque. E não deixo de pensar no estado em que ficarão os idiotas da objectividade se esta operação for bem sucedida. PL
CONCURSO: As televisões portugueses andam freneticamente a competir pelo prémio Nós somos das poucas televisões que têm jornalistas em Bagdad. Meus senhores: tenham calma que estamos a falar de uma guerra, não dos jogos de futebol do União de Leiria. PL
PARAR A GUERRA: Depois de ter rejeitado esta guerra, de ter contestado a sua legitimidade e de ter libertado, em doses bovinas, a sua babugem anti-americana, o pacifismo militante pretende agora interrompê-la. Não lhes ocorre que parar a guerra seria um gravíssimo erro geopolítico, o reforço do poder de Saddam e de tiranias contíguas, a radical descredibilização do Ocidente numa comunidade internacional instável que, aqui e ali, rejeita visceralmente os seus valores. Com uma guerra em curso, haja responsabilidade. PL
NÃO ME LIXEM: Durante anos, acreditei na impunidade. Escrevia na escuridão e via-me, cavaleiro andante, com a tralha cultural toda atrás. Essa impunidade acabou. Mal abro o bico, um batalhão de leitores - invariavelmente mais cultivados do que eu - puxam do manual e corrigem a sabedoria do cafre. Fazem bem. João Noronha, um dos leitores mais cultos e com quem tenciono continuar a conversa sobre o «conservadorismo» e o «liberalismo» (ainda não me esqueci, Johnny Boy) relembra que a frase «the price of liberty is eternal vigilance» não é de Churchill, mas de Jefferson. Com certeza. Mas confesso a minha abominável ignorância: encontrei-a no velho Winston e, muito apressadamente, atribuí-lhe a autoria. Minha culpa, minha tão grande culpa. Mas absolutamente notável é a carta de Fernando Albino, que transcrevo integralmente.

A frase do Churchill que o JPC citou, «the price of liberty is eternal vigilance», tem raízes bastante antigas. Já Demóstenes alertava para a necessidade de desconfiar de déspotas e tiranos se queriamos proteger a Democracia. Em 1770, uma frase semelhante à citada é utilizada por John Philpot Curran, advogado e político Irlandês, no seu discurso de tomada de posse como Lord Mayor de Dublin: «the condition upon which God hath given liberty to Man is eternal vigilance». Há quem atribua a frase a Thomas
Jefferson mas o único registo de uma frase semelhante é num discurso de Wendel Phillips, abolicionista Americano, à Sociedade Anti-Esclavagista do Massachussets, em 1852. «Eternal vigilance is the price of liberty», afirmou ele num contexto ligeiramente diferente. Quem quer que tenha dito isso, e independentemente do contexto ou da intenção, a mensagem é clara e particularmente válida nesta altura do conflito: a liberdade não é um dado adquirido. A liberdade, que implica necessariamente a segurança individual e colectiva dos indivíduos, tem de ser assegurada pelo Estado, sim, mas, antes de mais, tem de ser desejada pelos cidadãos. O que me custa mais a aceitar nesta guerra com o Iraque, para além da tragédia que é em si mesmo qualquer conflito armado, é a profunda divisão da opinião pública ocidental. Manipulada por comunistas, fascistas e outros «istas» numa curiosa aliança, parece que o cidadão comum não se apercebe da realidade e da iminência da ameaça que Estados como o Iraque representam para o nosso modo de vida. Admito que os «nossos» políticos terão gerido mal a difusão desta mensagem - mas isso será para mais tarde analisarmos, se é que vale a pena o exercício. O que importa, parece-me, é difundir agora a ideia de que a principal ameaça às sociedades Ocidentais democráticas e livres não é o inimigo circunstancial do momento (hoje é o terrorismo islâmico como antes foi o comunismo e amanhã, sabe-se lá) mas sim a falta de vontade dos cidadãos de lutar pela sua própria segurança colectiva - o reflexo da liberdade e democracia da sua sociedade. É em alturas de crise que cada indivíduo se excede a si próprio e alcança a grandeza. Se assim é, e porque potenciam a realização e a felicidade individual, a democracia e a liberdade (e as sociedades que as protegem e que nelas se baseiam) terão sempre uma reserva de «fighting spirit» (que Churchill encarnou na perfeição) - «fighting spirit» que será tanto maior quanto maior for a vontade de manter essa democracia e liberdade. Por isso é que é fundamental manter a vigilância. Por isso é que é necessário pensar em termos individuais sobre a nossa segurança a cada momento.


Comentário: Razão tem a Esquerda indígena: a Direita, no fundo, no fundo, não pensa; é inculta; gosta de fados e touradas - e reduzia de bom grado Os Maias para duas folhas A4. Obrigado, Fernando. JPC
A FRASE (2): «The price of liberty is eternal vigilance» (Churchill) JPC
A FRASE: «Everyone is a reactionary about subjects he understands» (Robert Conquest) JPC
CONVERSA INACABADA: Decorreu na Coluna um interessante debate sobre Conservadorismo e Liberalismo que está longe de ter terminado. O correio foi farto e muitos mails continuam sem resposta. Não por muito tempo. O assunto voltará a ser debatido e as mensagens dos leitores, algumas delas de uma profundidade intelectual assinalável, serão transcritas e comentadas. Palavra de infame. JPC
«BOM, ISSO É UMA PERGUNTA COMPLEXA»: Um desafio aos blogs esquerdistas: meus amigos, quem preferem que vença esta guerra? Tenho a certeza que não são capazes de responder numa palavra: vão enquadrar, contextualizar, subtilizar, exemplificar, hostiricizar, em suma, não vão ser claros. Quem me dera estar errado... PM (Nota: acabei de escrever este post exactamente ao mesmo tempo que o Coutinho, sem estarmos em contacto. É um monstro tricéfalo, esta Coluna...).
UMA PERGUNTA: Agora que a guerra no Iraque é um facto em marcha, interessava perguntar ao Blog de Esquerda que tipo de vitória espera desta campanha. Honestamente. Será que os rapazes esperam uma vitória dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha - numa palavra: da civilização ocidental a que alegadamente pertencem - ou estão com Saddam Hussein até ao fim e só esperam uma vitória clara e moralizadora para Bagdad? A resposta a esta questão pode ser o retrato definitivo da Esquerda. JPC
HOLOCAUSTOS: Pedro Mexia já referiu o estranho caso do Holocausto entre parentêsis. O artigo foi escrito por Pedro Miguel Melo de Almeida no Público e pretende ser uma reflexão séria sobre a «indústria do Holocausto» que, mitificando e mistificando a matança de judeus (quantos? onde? quem disse?), tem contribuído para a falsificação do debate histórico. Não faltam referências aos «revisionistas» do costume (como Faurisson, um historiador imoral que só por caridade se chama «revisionista») e ao prefácio que Noam Chomsky, a Vaca Sagrada da Esquerda, escreveu para a obra Mémoire en Défense , do citado Faurisson. Infelizmente, o plumitivo desconhece, ou finge desconhecer, o vasto historial de atropelos históricos em que Chomsky é pródigo - e que conheceu um momento particularmente obsceno com a negação das atrocidades no Cambodja (uma brincadeira do benemérito Pol Pot que produziu, numa estimativa conservadora, dois milhões de mortos). E a terminar o artigo, o jovial Miguel não se coíbe de mostrar à plebe os verdadeiros intentos que o movem: um ódio demencial ao sionismo e a Israel, ou seja, um ódio demencial aos judeus e à natureza imperial da raça. Comentários? Apenas um: ao contrário do que se pensa, as origens do antisemitismo moderno não estão em Hitler e na natureza paranóica do Mein Kampf. As origens do antisemitismo moderno encontram-se ligeiramente mais à Esquerda. Primeiro, com o movimento iluminista de traço continental. Depois, com Karl Marx - ele próprio um judeu e que via na espécie a encarnação maligna do prestamista insidioso, amante do dinheiro, do capital e da exploração. Não admira que, um século depois, com o Muro feito em escombros e uma visível ausência de causas, a Esquerda acorra prontamente ao antisemitismo para não fazer a máquina parar. Razão tinha o outro. Na História, nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma. JPC
PRÉMIO ESCOVA DE DENTES: O prémio Escova de Dentes vai para todos os esquerdistas que diziam que Saddam estava desarmado, que a guerra seria um massacre de iraquianos, mas que agora sublinham que o Iraque está a resistir como os americanos não pensavam, e que não vai ser fácil vencê-los. Ao que parece, as tropas de Saddam só estão à espera de ver os aliados em Bagdad. Aí, atacam com a escova de dentes. PM
CARL SCHMITT TINHA RAZÃO: Esta guerra tem um efeito clarificador. Sobre a esquerda estalinista e trostskista já sabíamos tudo, sobre a direita fascizante também nada de novo, e sobre o oportunismo de grande parte da esquerda democrática estávamos infelizmente documentados. Mas os alinhamentos que a guerra provocou serviram para mostrar como os «centristas» e os católicos da carneirada são, definitivamente, nossos adversários. E por isso os trataremos sempre como tal.PM
SONDAGENS: É sabido que aqui na Coluna não nos regemos por sondagens, mas quem as agitou a toda a hora, fique-se com estas. PM
ALIADOS: O PÚBLICO de ontem tinha um artigo sobre o Holocausto no qual a palavra aparecia sempre grafada entre parêntesis. E pensar que eu há anos me espantei por ver o Chomsky a prefeciar um negacionista. Afinal era o primeiro passo desta nova aliança. A esquerda aderiu à imoralidade absoluta. PM
POIS: Rebemos este «Comunicado de Imprensa da Comissão Directiva do PNR»:

O Partido Nacional Renovador (PNR) condena energicamente a agressão contra o Iraque declarada por George W. Bush e pelos seus cúmplices britânicos e espanhóis da coligação. Trata-se de um acto de pirataria internacional que se mascarou com pretextos morais e políticos. O PNR entende que as Nações Unidas, cinicamente ridicularizadas pelos agressores, junto com todos os países que observam um espírito pela paz devem empreender todos os esforços para fazer parar, o mais rapidamente possível, esta guerra de agressão e pilhagem e assim evitar o massacre das populações, já de si enormemente martirizadas por mais de dez anos de embargo económico imposto pelos americanos.

Pedimos o favor de mandarem também o mail para o Blog de Esquerda. Nós somos nós que estamos aliados com os fascistas... PM
ASSIM NÃO VALE: O Zé Mário percebeu que nós dizemos «gajas» e «saddamitas» para ver os esquerdistas a espernear. Assim não vale, ZM, qualquer dia estás a dizer que até nos conheces pessoalmente e que somos boas pessoas. Não nos desgraces... PM
ALBERTO, O GRANDE: Alberto Gonçalves, cronista do Correio da Manhã (todas as sextas), escreve:

Estranhei a ausência na Coluna de qualquer comentário sobre o discurso do sr. Michael Moore, ao receber o Oscar. Por acaso, vi parte da cerimónia em casa do JPC, mas nem o privilegiado convívio com as elites me impediu o sono antes desse terno momento. Felizmente, os noticiários de hoje fartaram-se de repeti-lo, não fosse algum português imaginar que George W. Bush é o
presidente eleito de uma democracia autêntica. Uma daquelas democracias livres de censura, que permite a qualquer demente, em qualquer lugar, babar em público as maiores insanidades. E, em seguida, ser aplaudido pelo beautiful but very worried people da pocilga a que Hollywood chegou. A esta hora, está tudo a ser interrogado pela CIA e a levar com os óscares na cabeça. Não tenho a certeza, mas julgo que no Festival de Curtas-Metragens de Bagdad pode-se insultar o Bush sem a mínima consequência. É nestas ligeiras diferenças que constatamos a suprema hipocrisia dos EUA. É o petróleo, claro.


Comentário: Verdade, Alberto: e ressonavas, meu velho. Mas não tive a oportunidade olímpica de partilhar contigo a alegria indizível de ver Michael Moore a insultar Bush e, muito subterraneamente, a sugerir uma admiração sentida por Saddam e pelo regime airoso e livre que o tio Hussein montou lá nas Arábias. Resta-nos a consolação, nunca devidamente apreciada, de saber que em Bagdad os cineastas gozam de direitos e garantias como em nenhum outro país do Médio Oriente e podem, muito livremente, caricaturar Saddam, seus traques e truques, com total impunidade. Tudo ao contrário de Hollywood, claro, onde as terapias do senador McCarthy, ilusões à parte, nunca deixaram de se exercer sobre os metecos. JPC
MAILS: Para um melhor escoamento de mails, voltamos a sugerir que indiquem com precisão o subject e entre parêntesis quem querem que responda. Obrigado. PM

segunda-feira, março 24, 2003

ÓSCARES (2): Falhei as previsões. Esperava a vitória de Scorsese (merecidíssima), de Gangs (não perguntem), de Day-Lewis (soberbo) e de Julianne Moore em duas categorias distintas. Mas tolero Chicago (que não vi, nem vou), acho Brody sublime e Polanski, cineasta irregular, merece este mundo e o outro depois do casamento com Emmanuelle Seigner. Mas não perdoo algumas ausências. A mais gritante foi, sem qualquer dúvida, a de João Botelho, cineasta português que assina A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América - comédia brilhante, com argumento de José Casanova, o conhecido editorialista do Avante! e que merecia uma estatueta pelos Efeitos Especiais, Mentais e Menstruais. Numa Hollywood perfeitamente tiranizada por demagogos primários - meninas e meninos que gostam de insultar a exacta Casa Branca que lhes garante uma liberdade artística incomparável -, o filme de Botelho, e a presença in loco da criatura, seria uma importante vitória para a clareza moral em que a Esquerda é pródiga. JPC
ÓSCARES (1): É preciso reconhecer que correu bem. Uma cerimónia discreta, sem grandes piadas nem espalhafatos, com vestidos e fatos escuros, uma emissão sóbria e porventura não muito diferente do que seria antes da tv (os Óscares fizeram 75 anos e 50 de televisão). Steve Martin foi soft, e na circusntância não se lhe pedia que fosse hard. Houve algumas referências rápidas à guerra, uma mais evidente de Almodovar e Garcia Bernal (espanhóis e latino-americanos, o que esperavam?) e de Brody (este comovente). Em compensação, o presidente da Academia fez um discurso patriótico, Susan Sarandon portou-se bem, e Barbra Streisand até falou na liberdade de expressão, que não abunda, a que parece, em Tikrit. Liberdade de expressão que permitiu o prémio e o discurso de Michael Moore, como sempre ignobilmente propagandístico, primeiro aplaudido de pé e depois apupado. (Agora teremos os esquerdistas que detestam os Ócares a dizer: «vêem, o Bowling até ganhou um Óscar). Foi pena que a vitória surpresa de Eminem não tivesse o rapaz em palco a atacar o politicamente correcto reinante, mas Em estava de férias. Gostei de ver Chris Cooper premiado, a ascensão da Kidman é cada vez mais imparável (embora nem todos - como eu - estejam convencidos) e Brody era o único que podia, sem escândalo, arrebatar a estatueta a Day-Lewis. Scorsese, esse, ficou a ver navios, mas realmente este não era o melhor filme para o premiar. Os melhores momentos da noite foram, como sempre, as montagens e o in memoriam, prova de que Hollywood preza a sua História. Nota também para os dois Óscares de argumento serem os antepenúltimos a serem entregues, o que mostra a importância que mesmo para a indústria lhes concede. As mais belas: Diane Lane, apesar do penteado (era a minha favorita para Actriz), Jennifer Connely e a planturosa Salma Hayek, com Julianne Moore e Cameron Diaz demasiado maquilhadas. Catherine, mesmo com oito meses de gravidez, bate aos pontos uma top model anoréxica. E foi bom ver o prémio ao grande senhor que é O'Toole, e excelente Polanski ter ganho um merecido Óscar (e uma estalada às estúpidas leis que ainda penalizam um crime sexual com quase trinta anos). Fica a frase com que Kidman justificou a sua presença: because art is important. Embora esta ano a arte não abundasse, Hollywood safou-se airosamente. E com um filme escapista a ganhar a noite. PM
A INFÂMIA CONTINUA: Esta noite, na RTP 1, o infame Pedro Mexia vai estar presente no programa Prós & Contras. Atenção, meninas: é uma oportunidade única para se confrontarem com a materialização física do mais infame dos infames. Garantimos desmaios, histerias e orgasmos colectivos. JPC
MOTIVOS DE CONTENTAMENTO: Leitora Rita Dias: hesitei se haveria primeiro de responder ao seu mail ou à mensagem de uma leitora que, comovedoramente, nos ofereceu os seus serviços de massagem ao domicílio. Opto por si porque apreciei os seus comentários. Saiba que 1) Fico contente por saber que prefere as nossas alarvidades às alarvidades dos outros; 2) Fico também contente por saber que não se considera antisemita, fascista, comunista ou anarquista; 3) Não nos interessa nada o apoio de países que não respeitam liberdades básicas e um módico de regras democráticas mas vocês têm-se servido impudicamente dos apoios menos recomendáveis; 4) Fico contente por saber que não dorme só com Chomsky debaixo do braço. Um reparo apenas: a sua preocupação com o destino de Saddam e os seus conhecimentos acerca dos países que ofereceram casa ao ditador iraquiano chegam a ser enternecedores. Ciao. PL
DIREITOS DO HOMEM: Um lancinante apelo veio da Argélia, Rússia, Síria, Sudão, Malásia, Líbia, Burkina Faso, Zimbabué e República Democrática do Congo. Estes países pretendem que a ONU «discuta os efeitos da guerra sobre o povo iraquiano e a sua situação humanitária e reafirme a aplicação da Quarta Convenção de Genebra sobre os beligerantes». Nada a opor. Mas convinha que esta gente boa e democrática começasse a respeitar os direitos humanos dentro de portas. PL

LULA: É lamentável que Lula tenha oferecido o tal asilo ao tal Saddam. Li isso em algum lugar, mas não tenho acompanhado a guerra a não ser por rápidas passadas pela CNN e pelas leituras na Coluna Infame, no Cláudio Téllez e em diversos outros blogs ou sites. E quem ganha com isso tudo é a indústria dos Alka-Seltzers e assemelhados, pois o ódio aos americanos e os argumentos ridículos contra a guerra contaminaram a todos, e isto não pode fazer bem aos nossos estômagos. Adolescentes que não sabem nem apontar o Iraque no mapa (e talvez nem Portugal) bradam contra a "guerra por petróleo" e pedem "morte à família de Bush". Os senhores sabem: não é exagero. (Alfredo Votta Jr)

Caro Alfredo: Obrigado por ler a Coluna. Parece que, entretanto, o vosso Governo já veio desmentir a oferta de asilo a Saddam. Em que ficamos? O que nos choca nem é a concessão desse asilo (Lula é um político angélico que gosta de exibir gestos de fraternidade universal). O extraordinário é que, pela mera circunstância de estar a ser atacado pelos Estados Unidos, Saddam comece a ser visto com benevolência e até com alguma indisfarçável ternura. Volte sempre. PL
AINDA A MANIF: Meus caros, para um blog, ainda que facho, inteligente como o vosso, esse ataque de demagogia dispensava-se. Facadas e outras agressões en manifestações, pacifistas ou não, sempre existirão. Daí a tirar um argumento geral de um acontecimento infeliz... Eu não fui às manifestações mas hesitaria em dizer que todas as pessoas que foram são anarquistas, fascistas e antisemitas. Como dizia o outro, não confundamos género humano com Manuel Germano. (Abel Campos)

Meu caro Abel Campos: não disse que todos os manifestantes são anarquistas, fascistas e antisemitas. Por exemplo, na manifestação estava Maria de Lurdes Pintasilgo que, para mim, é ainda um objecto político não identificado . Há, no entanto, uma verdade irrefutável: muitos dos adeptos da paz, muitos dos pacíficos porto-alegrenses não passam de anarquistas a precisar de tomar banho, de antisemitas que não conseguem engolir o Estado de Israel, de comunistas e de fascistas que são capazes de se aliarem a quem seja necessário quando se trata de combater o inimigo americano. Chamá-los de pacifistas é um pouco exagerado, não lhe parece? PL
SARAMAGO: Sempre que Saramago pensa em voz alta, pedem-se comentários. Mas porque é que temos de comentar as alarvidades deste senhor? PL
LOBBIES: Informamos os interessados que o lobby judeu americano não votou em Bush e não é, na sua maioria, republicano. Menos Chomsky, por favor. Variem as leituras. PL
LULICES: O Brasil de Lula já ofereceu asilo a Saddam, no caso de este pretender deixar o poder. Os nossos amigos brasileiros devem estar orgulhosos desta hospitalidade. PL

domingo, março 23, 2003

DISGRACE: É incrível que se mantenha a cerimónia dos Óscares, com uma guerra em curso e com mortos americanos recentes. Não há vergonha em Hollywood. PM
SE ESTIVEREM A LER: Atenção a JPC na TSF. Daqui a minutos. PM
NEW KID ON THE BLOG: Há um novo blog, Um Planeta Classe M, de um esquerdista fã do Star Trek (!). Bem-vindo. E logo a abrir, pimba, bocas à Coluna:

As gajas: Na Coluna Infame (Quarta-feira, Março 19, 2003) ha uma referencia "As gajas" e ao facto que a malta de esquerda nao devera discutir apenas sobre Comites de Fabrica. E verdade a malta de esquerda nao discute apenas sobre comites de fabrica, mas e complicado falar sobre gajas, eu explico: Quando a malta de esquerda se encontra, aquilo nao e um clube de homens, pasme-se, ha la mulheres, o que torna dificil falar sobre as "gajas" visto elas estarem no meio de nos (assim como deus pai). Mesmo quando ha so gajos, muitos sao, deus meu, virados, portanto nem todos se interessam por gajas. Alguns dao mesmo para os dois lados, inacreditavel! As vezes ate daria para falar sobre gajas, mesmo com gajas por perto, visto que algumas das gajas canhotas tambem se interessam por gajas. Mas o ponto mais importante: Mesmo quando ha so gajos e gostam todos so de de gajas, esta maneira de abordar o assunto e de ver as pessoas (normalmente as mulheres) quase como objectos nao pega la muito bem entre a malta canhota, sabe-se la porque. E ja agora isto nao me parece que seja um tema direita/esquerda, por exemplo conheco muito gente de direita aqui na Holanda que e bem mais aberta que muitos canhotos portugueses que eu conheco.

Dizia um cronista que o pior de escrever crónicas era a ironia: quem estava de pé atrás nunca compreendia as ironias. Vamos então às «gajas», assunto que causou reacções, mails, telefonemas anónimos. Esse post não era sobre os Infames, era sobre um almoço alargado de direitistas (onde, por acaso, só havia homens, embora também existam, pasme-se, mulheres de direita), e até tinha um sentido crítico: entre a direita, a conversa sobre assuntos «sérios» vai sempre parar às trivialidades. O blogista não me conhece, mas «gaja» não faz parte do meu vocabulário quando estou a falar a sério (quando muito posso insultar alguém dizendo «não suporto essa gaja», por exemplo a Manuela Moura Guedes). E a «objectificação» da mulher, dito a mim, é tiro ao lado; se há coisa de que posso ser acusado é de romantismo demodé, não de hedonismo pós-moderno. Mas o mais divertido é o blogista pensar que só há homossexuais e bissexuais entre a esquerda. Caro amigo: o patrono aqui da Coluna é o Andrew Sullivan: visite o seu blog, e depois conversamos. As coisas não são a preto e branco. E mais isto: aqui na Coluna, como já devia ser óbvio, não se morre de amores pela direita portuguesa. Mas prometemos usar emoticons sempre que façamos ironias. PM
PRÉMIOS GUERRA DO GOLFO II: Já devíamos ter começado a anotar os exemplos, e a partir de agora vamos fazê-lo, mas também queremos pedir a colaboração dos leitores: citações dos media sobre a guerra que se enquadrem num dos seguintes prémios.

Prémio Al-Jazeera: ideia de que a tv do Qatar representa o «jornalismo independente», face ao jornalismo judaico-imperalista do Ocidente

Prémio Pai Nosso Avé Maria: elogios à Igreja Católica e à «figura moral» do Papa por esquerdistas que sempre odiaram o cristianismo e João Paulo II

Prémio Menos Um Imperialista: congratulação (mesmo que velada) pelos americanos abatidos em combate

Prémio Escova de Dentes: inspirado numa frase de Eduardo Lourenço, refere-se ao argumento de que Saddam, coitadinho, está indefeso

Prémio Aquele Grande Rio Eufrates: lamentos de alibi cultural pela guerra («ah, a escrita cuneiforme»)

e finalmente

Prémio Tio Adolfo: os mais grotescos epítetos a Bush, aos EUA e aliados.

PM

E mais este, sugerido pelo Luís M. Serpa, e a que chamaremos:

Prémio Onde é Que eu Já Ouvi Isto: que será atribuído a quem diz ou escreve que esta guerra é devida ao poderoso lobby semita, o qual controla a Casa Branca, o Congresso e o Senado americanos, a imprensa americana, o cinema americano, os restaurantes americanos, e que mais americano? E o Luís sugere, como primeiro premiado: Vital Moreira. Está entregue. PM






E AINDA: Quanto aos ataques directos à Coluna por parte de um leitor do Blog de Esquerda, metade do que diz não distingue este blog desse blog - predomínio de amigos, alguma gente conhecida, polémicas e provocações. Quanto à «promoção pessoal», eu diria que a Coluna Infame é claramente um blog de despromoção pessoal, pelo menos para mim, dado os meios que frequento. Se o leitor acha que assumir-se de direita é uma forma de promoção pessoal, gostávamos de saber onde vive; faremos logo as malas. E se o leitor esquerdista não distingue, na Coluna, entre as piadas e as ideias, é claro sinal que as primeiras lhe escapam, e as segundas também. PM
RUBRICA: É a rubrica do costume: notas sobre posts do Blog de Esquerda. 1) Durão está «cego» à rua e será castigado nas próximas eleições? Nada a opôr ao segundo raciocínio (são as regras do jogo), mas o primeiro não é, simplesmente, de natureza democrática (ou então governa-se por sondagem). 2) Uma bomba atirada por um soldado americano é, também, um acto de «terrorismo»; e mais: de traição. 3) Ricardo Araújo Pereira e José Miguel Silva, para além de grandes «reforços», têm sentido de humor e não são primários; mas gostávamos de perguntar aos autores do Blog de Esquerda se concordam com os seus muitos mal-humadores leitores que aí escrevem repetidamente que a Coluna Infame é um blog de insultos e não de ideias. PM
MST (não é o Movimento dos Sem Terra): Aconteceu-me ler o artigo do Miguel Sousa Tavares no Público. É difícil encontrar hoje em dia um artigo de opinião que melhor defina sem margem para dúvidas a intelectualidade esquerdista hoje em voga. O tom, os argumentos, a falta de rigor são de tal ordem que chocam pela ferocidade e vulgaridade impróprias de um jornalismo de opinião numa democracia como a nossa. Pelos vistos, o MST eufórico pela batalha heróica do seu FCP ontem na Grécia decidiu voltar em grande à ribalta e ao contrário das forças aliadas , usou toda a artilharia e verborreia bélica para se anunciar ao mundo. Para o MST não há adjectivos que descrevam a América de hoje , desde anti-social, reaccionária, cheia de pregadores evangélicos e traficantes de armas...o que o fez descobrir o seu anti-americanismo. Se não se tratasse de um jornalista com algum peso na comunicação social, o caso seria para ser levado a rir….mas como infelizmente é o 3º peso pesado nos comentários da TVI ( o 2º é a Manuela Moura Guedes e o 1º o prof. Marcelo) visto por uma grande audiência , não deixa de ser preocupante que a corrente mais belicista do jornalismo de opinião esteja na 1ª linha da TV em Portugal. Por este andar , dentro de pouco tempo o queimar de bandeirinhas americanas na rua, vai ser um must para os directos de televisão. Ou será que estou a dar demasiada importância a quem não merece? (Jorge Bento)

Caro Jorge: Não estamos de acordo nesse ponto. É verdade que escrever num jornal não é o mesmo que escrever para um blog, mas a Coluna não vai fazer reparos às ideias e linguagem eventualmente excessivas dos opinion-makers . Olha quem... (Coisa diferente são os políticos eleitos pelo povo, e a inenarrável Moura Guedes, a quem ninguém paga para dar opiniões). Mas o MST é um tipo interessante e genioso, e um livre pensador, de tal modo que é difícil estar sempre de acordo com o que escreve ou defende, sejam quais forem as nossas próprias opiniões (e nos assuntos internos, até tem sido mais Infame que canhoto). Mas repare que o MST já chegou a escrever que os EUA eram um país quasi-fascista por causa do... anti-tabagismo. São temperamentos... Mas olhe que mais vale um MST do que vinte esquerdistas cinzentões, a debitar a cartilha. Deixe lá o Miguel escrever o que lhe apetece: quando exagera de forma assim tão evidente, toda a gente percebe que é o mau génio em acção. Afinal, ele é filho do pai e da mãe, e quem sai aos seus...PM
SOCIEDADES RECREATIVAS: Tenho escritório num 2º piso do Rossio, de onde escrevo e onde gosto de trabalhar ao sábado. Já me tinha conformado com a ideia idiota de ter música ambiente na praça e de ser forçado a ouvir doses maciças de exitos da música portuguesa "gregoriados" ou assoprados em caninhas, mas esta coisa de não passar fim de semana sem que montem a barraca e passem a tarde a berrar, francamente é um bocado demais. Neste momento, depois de 2 horas de "All we are saying...", Zeca e slogans amandados por uma MC histérica, tocam os Xutos e bombos das mais variadas sociedades recreativas. São sempre os mesmos e nem preciso dizer que mesmos. De facto a cidade é deles! E até percebo que ninguém faça nada só para não ter que os ouvir no papel de oprimidos (mais ainda). P.S. - À força de ouvir slogans, também me lembrei de um : O PATRÃO TAMBÉM TRABALHA, NÃO É PAI DA MARALHA" (João Santos Lima)

Caro João: E não houve sardinhada? A esquerda na rua é como os alunos do liceu em greve: até podem ter causas, mas o que querem é baldar-se às aulas e gritar asneirada. E ainda estamos à espera das t-shirts molhadas. PM
ANOTHER ONE: As boas-vindas ao hitchcockiano MacGuffin - um nosso conhecido amigo direitista e autor nomeadamente de sólidas cartas ao director - que criou o Contra a Corrente. É, escusado será dizer, um blog conservador, um «fachoblog», como diz a canhota. Mais um para a vast right-wing conspiracy. Não sei se o Karl Rove terá guito para nos pagar a todos. PM
PONTO DE ORDEM: JPC esteve fora dos seus domínios, ocupado com a academia e o intercâmbio de culturas. Volta amanhã, para actualizar com mais frequência este blog. PL acabou de ser recebido pela Ordem dos Advogados, e assim sendo o senhor doutor vai voltar a escrever regularmente na Coluna. Os mails que comentem, critiquem ou interpelem cada Infame, devem indicar o tema no subject e a menção de quem querem que responda (em princípio, o autor do post em causa). Obrigado. PM
PACIFISMO E FACADAS: 2 rapazes judeus foram ontem apunhalados por um grupo de pacifistas nas manifestações anti-guerra. Como Andrew Sullivan já disse, por quanto tempo continuaremos a chamar de pacifista gente miseravelmente anarquista, fascista e antisemita? PL
PORNOGRAFIA: Mortos civis no Iraque. Como em todas as guerras, as justas e as não-justas. Imagens evidentemente horríveis. Mas a RTP, para dar ainda mais ênfase que choque a audiência, põe uma banda sonora de filme de terror. Pura pornografia. PM