sábado, maio 03, 2003

POR DOIS: De vez em quando, lá espreitamos a SIC MULHER. E de vez em quando, para nossa inolvidável memória, ouvimos coisas destas: "Quando se está grávida temos que comer por dois; mas precisamos ter cuidado para não nos transformarmos em dois". Um conselho útil e, sobretudo, um conselho humano. PL

sexta-feira, maio 02, 2003

CORREIO DO ALBERTO: Às sextas, no Correio da Manhã, escreve Alberto Gonçalves. O Alberto é o nosso infame honorário e lê-lo, neste país acabrunhado e triste, é um privilégio e um prazer. Experimentem. JPC
CONSERVA E PEDALA: Depois de termos revelado que o livro preferido de Vítor Gamito é a imortal obra de Burke sobre a Revolução francesa, recebemos o seguinte mail do Abel Campos:

Quem teve o privilégio de ver o Gamito pedalar já calcularia estarmos perante um conservador de rija cepa. A calma olímpica, a determinação no ataque à montanha, a mania de ir na frente do pelotão, tudo características essenciais de um sólido conservador. Tanto mais de realçar que o grande Gamito anda integrado num meio tipicamente esquerdista, começando no próprio meio de locomoção, a triste bicicleta, passando pela transpiração, tão longe da inspiração de um verdadeiro conservador, e acabando nas suspeitas ajudas químicas que dão asas ao ciclista e transformam o Alpe de Huez numa insignificante colina, um comunista num democrata e a Maria Vieira na Sharon Stone. Compare-se com um Joaquim Gomes, cuja pedalada vigorosa mas monótona denuncia um marxismo ortodoxo e tacanho, ou com um Lance Armstrong, que sendo simultaneamente americano, campeão das bicicletas e sobrevivente de um cancro num órgão essencial da anatomia masculina, só pode suscitar desconfiança a um verdadeiro conservador. Mas, assalta-me agora a dúvida, será que o Gamito leu o Burke julgando tratar-se de um manual de estratégia para o Tour ? E, ó desgraça, outra dúvida maior ainda : será que "Reflexões sobre a Revolução em França" é realmente uma obra sobre ciclismo, o que faria do João Carlos Espada o Gabriel Alves (ou, melhor mas com menor brilho estilístico, o Marco Chagas) dos conservadores ? (Abel)

Comentário: O Abel tem toda a razão. O ciclismo é um meio tipicamente esquerdista e operário (aquela coisa de pedalar em montanhas não é certamente para a burguesa); e só assim se explica que o Gamito tenha abraçado a causa burkeana da reacção. Mas, se me permite Abel, eu acrescentaria mais alguma coisa. O Gamito andou anos a ficar em segundo lugar na volta a Portugal. Ora uma regularidade destas só se vê num verdadeiro conservador. Os conservadores apreciam muito segundos lugares, um lugar sólido, consistente, sem a embriaguez e loucura dos primeiros. Quanto ao facto de as «Reflexões sobre a Revolução» serem realmente uma obra sobre ciclismo, digo-lhe que isso me parece fazer todo o sentido. O Burke queria ganhar o Tour de 1789 mas desistiu na primeira etapa. PL
DIA DO TRABALHADOR: Sobre o dia do trabalhador e as suas celebrações festivas, fazemos nossas as lúcidas e sábias palavras do Waldorf dos Marretas. De um velho não se esperaria outra coisa. PL
OS INFLUENTES: Prestei a devida atenção à lista dos 200 influentes publicada pela Visão. e acontece, lastimavelmente, que só conheço dois ou três. Mas não é esse o problema. O problema é que nenhum dos 200, para minha desgraça, me influencia. PL
MALE / FEMALE: Fiz o teste do Guardian para saber se o meu cérebro é mais masculino ou mais feminino. E, calculem, obtive um resultado paupérrimo de 23. Ou seja, tenho um cérebro rigidamente masculino, o que significa, na explicação dos autores do teste, uma "baixa capacidade para perceber os sentimentos dos outros", muito próxima do "autismo" (os autistas costumam ter 20). Eu não quero ser desagradável mas era melhor é que estes tipos se f... todos. Espero ter sido suficientemente masculino. PL
ESTADO DE SÍTIO EM BRAGANÇA: Uma pessoa pasma. Anda meio mundo a falar do Código laboral, dos partidos, do orçamento, dos amuos de Sampaio, quando o verdadeiro problema de Portugal passa-se de momento em Bragança, onde uma enchente de brasileiras fogosas está a ameaçar a estabilidade matrimonial da cidade. Wilma, Elaine e as amigas invadiram o nordeste transmontando e estão a deixar o caos pela terra. É o estado de sítio em Bragança. Carteiras arruinadas, casamentos feitos num oito, mulheres numa inconsolável solidão. É a primeira vez, depois da construção da Domus Municipalis, que Bragança aparece nos jornais e nas televisões. O dr. Portas tem que olhar para isto e destacar rapidamente um pelotão de militares para pôr ordem na cidade. É indispensável que a cidade passe a ser policiada e seja imposto um período de quarentena. Um capelão jeitoso também se recomenda. E já agora o meu contributo: Wilma, Elaine, façam o favor de voltar à procedência. Em Bragança, não. Se querem brincar, escolham o Algarve que aí não há casamentos. PL
LAVORARE STANCA: Estivemos ontem fora de cena. O Mexia passeia por terras madeirenses (vida de poeta) e se Deus quiser regressará são e salvo, o Coutinho anda a ganhar o seu e eu fiquei de dar algum quality time à senhora. Isto dos blogs tem muita graça mas, se não temos cuidado, ainda somos despachados para o corno de África. PL

quarta-feira, abril 30, 2003

TRABALHADOR: Amanhã, é dia de posts sérios. Não se preocupem com o feriado. Para o ano, é à sexta, como diz o PM. PL
PORTUGAL: É verdade que isto, este país, este poder, este Estado, não funcionam muito bem. E hoje descobri um sinal dessa ignomínia. Passo a contar. Existe uma coisa chamada "utilidade pública administrativa". Vocês pedem, o Estado dá. Se der, nós pagamos impostos, vocês não. Simples. Claro: o Estado só dá se vocês demonstrarem que fazem alguma coisa de jeito para o Estado e para o povo; isto é, alguma coisa que mereça esse benigno estatuto de "utilidade pública". Pois bem. Aqui fica uma listinha de magníficas instituições, muito importantes para a nossa vida colectiva, que gozam desse estatuto e, por isso, não pagam impostos: 1) Centro português de actividades subaquáticas; 2) Centro de convívio dos casais da Marinela; 3) Clube de Futebol Varejense; 4) Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela; 5) Associação de Propaganda e Defesa da Região da Batalha; 6) O Grupo Excursionista Familiar o Motorista (a minha preferida); 7) Associação dos moradores de Casal de São João; 8) Associação de Promoção e Desenvolvimento de Castelões. Para terminar, claro, a Fundação Mário Soares. Muito haveria a dizer sobre cada uma destas instituições, sobretudo sobre o centro de convívio dos casais da Marinela mas fica para amanhã. Por enquanto, podem pensar em grupos, associações, centros, o que quiserem. Garanto-vos que compensa e é só preencher um papel. PL
O PRESIDENTE: Tem-se falado muito, a propósito da defesa, da política externa, whatever, nos poderes do Presidente da República. Descansem que não vou falar do tema. Mas tenho pensado muito nisso. No fundo, no fundo, a democracia portuguesa só funciona porque nenhum louco se tornou ainda Presidente. No dia em que um psicopata ganhar as eleições para a Belém, o nosso regime acabou. Aliás, o maior perigo para a democracia portuguesa teve um nome: Sottomayor Cardia que há uns anos chegou a concorrer às eleições presidenciais. Atenção que isto é uma coisa séria. PL
FEBRES: Uma noite difícil, turbulenta. A correcção de umas boas dezenas de testes deixa um servo de Deus em estado febril. Até me admiro de não começar a usar palavras como “requesitar”, “preceber”, “á”, “fôsse-mos”, enfim… E umas almas deste país ainda querem manter a gestão das universidades pelos estudantes. Tenham juízo. PL
CASA NOVA: Estas coisas fazem pena, não fazem rir: soube que uma das estrelas monteiristas, Gonçalo Ribeiro da Costa, vive ao pé do edifício onde o Governo tem as suas reuniões semanais. Considerando que a coisa que o senhor mais gostava é entrar no Governo, acredito que viver ali deve ser insuportável. Imaginem um esfomeado ao pé de uma fábrica de conservas? Um heroinómano em Bogotá? Deve ser parecido. Mas talvez não seja por acaso. Fontes anónimas garantem-nos que os dirigentes da nova democracia estão a comprar todo o quarteirão. PL
SOARES E A COERÊNCIA: A imprensa portuguesa é dada a incompreensíveis admirações: houve agora quem se espantasse com a subida afabilidade e carinho de Mário Soares por Cavaco Silva. Vocês viram: Soares elogiou Cavaco e quase que o recomendou para candidato presidencial da direita. Sinceramente, não vejo o interesse disto. Quem é que espera coerência na política? Soares fará tudo para evitar que Guterres avance em representação do largo do Rato. O conto da coerência é para os ingénuos. E nem é só o dr. Soares, que sabe de política o que não sabe de mais nada. Lembram-se daquele católico que, depois do seu terrorismo de sótão, foi de uma pureza vestal como Primeiro-Ministro? Lembram-se de um certo felino professor que declarou uma vez que nunca seria chefe do seu partido, nem mesmo que Nosso Senhor acorresse à terra e lhe aparecesse a ele numa estarrecedora aparição? Lembram-se daquele político ex-jornalista que jurou, como um escuteiro, que não assumiria nunca a liderança do partido e acabou depois num dramático congresso em provocadores apertos de mão ao líder que acabava de remover? É assim: a coerência ficou no tinteiro. Porque a coerência é a última das virtudes políticas com importância. No limite, é mesmo a negação da política. Portanto, não se espantem com as piruetas do dr. Soares e aprendam porque ele tem quase 80 anos. PL

LUTA DE CLASSES: Almoço no Cabo da Roca, com um peixinho catita. Depois, princípio da tarde com uma caipirinha a ouvir música tranquilamente melancólica (Stan Getz?) num simpatiquíssimo bar (Moínho D. Quixote) com vista para o Guincho. Ao fim da tarde, uma sesta reparadora. Depois, ala para o Café S. Bento, uma água tónica enquanto tomo umas preciosas notas, um jantar com sobremesa na companhia de um confrade, e depois para casa ouvir o novo disco do Lou Reed. Assim dá gosto ser das classes exploradoras. PM
NOTAS FEDORENTAS: Deixo aqui alguns esclarecimentos sobre o Gato Fedorento:
1) Disse que os rapazes eram das Produções Fictícias não porque o blog sejas das PF mas porque é lá que trabalham os moços, e essa referência identifica o seu humor (pensei antes em postar uma foto de corpo inteiro do Ricardo, mas achei que era gentileza a mais, e nós também queremos ter leitoras).
2) O Zé Diogo Quintela fez de palestiniano outro dia na tv, e eu sei porquê: é que o Gato Fedorento, para ele, são os territórios ocupados, acolitado que está de três esquerdistas (e três esquerdistas com piada, o que constitui um ajuntamento de pessoas de esquerda com humor nunca antes atingido)
3) Eu não anuncio aqui blogs novos por serem «meus amigos», como protestam alguns leitores; tirando os manos Silva, conheço três ou quatro pessoas, todas há pouquíssimo tempo, e não conheço ninguém dos blogs que mais citamos: os Marretas, o Intermitente, o Valete, o Voz do Deserto, e assim por diante
4) Alguém disse que nós (os Silva, os Relativos e os Infames) somos uns snobs amigalhaços que frequentam o Lux. Pelo que nos diz respeito, somos amigos dos nossos amigos e inimigos dos nossos inimigos e fomos ao Lux, por junto, uma dúzia de vezes, se tanto. Snobs, com certeza. Prefiremos sempre o Kundera à nossa porteira. Não se zanguem, tá? PM
ABRIL SEMPRE: Os nossos confrades de A Cagada relembra algumas das grandes conquistas de Abril (cito): gajas do leste, clubes de strip, troca de casais, internet, pornografia, anúncios ao OB, queca antes do casamento, festivais de verão, música estrangeira, guerra ao vivo e a Coca-Cola. Como havíamos nós de ser contra Abril? PM

terça-feira, abril 29, 2003

ZANGAS: Na Europa, o tema de ontem era a ligação entre Saddam e Bin Laden mas, aqui no burgo, o tema quente foi outro: a zanga, o amuo de Ferro Rodrigues e Durão Barroso. E Ferro já avisou que, daqui para a frente, só fala com Durão com a presença de testemunhas. Bom, eu creio que há aqui um problema óbvio. Se a testemunha for escolhida por Ferro Rodrigues, apresentará, fatalmente, a versão de Ferro Rodrigues. Se for de Durão Barroso, será a sua versão que prevalecerá. Isto só se resolve, segundo parece, de uma maneira: de hoje em diante, nenhuma conversa entre Durão Barroso e Ferro Rodrigues será privada. Isso mesmo: transmissão integral e em directo de todas as conversas entre Durão Barroso e Ferro Rodrigues. Vamos lá acabar com as brincadeiras. PL
LIVROS (2): Já agora, não sei se sabem mas o livro preferido do ciclista Vítor Gamito é - podem sentar-se - nada mais nada menos do que - «Reflexões sobre a Revolução em França» de Edmund Burke. Isto é absolutamente verdade: li eu num daqueles questionários idiotas de Verão. Portanto, nada de dizer mal do sistema educativo. Quando um dia tivermos uma actriz pornográfica especializada em Derrida, Portugal estará definitivamente salvo. PL
LIVROS: Já aqui contei como adquiri (ou como roubei) o primeiro livro da minha biblioteca. Vou contar-vos agora como consegui o segundo. Estava, um dia, numa livraria de bairro a folhear alguma coisa, não sei o quê. Nos bolsos, nem um tostão para comprar uma carteira de cromos da Panini. Mas não estava infeliz e entregava-me à minha safra cultural com grande dedicação. De repente, uma velhota prazenteira entra na livraria e pergunta à senhora da recepção pelo autor de um livro «chamado-qualquer-coisa-eternidade». Pensei no «Antigo Testamento» (o «Kamasutra» era improvável) mas os autores do Livro são vários. Disponibilizei-me de imediato para ajudar a senhora idosa (eu sou assim) e disse-lhe que o autor se chamava James Jones. Ela disse-me então: «É isso mesmo. E olhe…fique você com o livro». Bonita esta história, não é? Eu é que devia ter atendido o Silva Melo. PL

ANÚNCIO: Na televisão, um anúncio preocupante: Júlio Isidro e Serenella Andrade falarão hoje (ou não sei quando) sobre sexualidade, com a presença de Fernando Pereira. Será, portanto, um programa de História. PL
BIBLIOTECAS: O Zé Mário recordou-nos, muito escandalizado, a cena do Jorge Silva Melo numa livraria. Silva Melo pediu «O nariz» de Gogol e perguntaram-lhe se isso era um livro. Eu não percebo o espanto. Isso é o pão nosso de cada dia, amigos. Livrarias, bibliotecas universitárias, municipais, nacionais – não há casa destas onde a Ivette Centeno não esteja na secção de literatura polaca, Jorge Luís Borges na portuguesa e Maria Teresa Horta – esta, por acaso, correctamente - na secção de físico-química. Escusam, por isso, de fazer esse estrondo. Aliás, por estas e por outros é que eu, com a devida licença dos meus camaradas da Coluna, desconfio da iniciativa privada no domínio dos livros e sonho em permanência com a Utopia. Um Tomas Morus que me prometesse um Estado construído à imagem de uma boa biblioteca pública, bem fornecida, competentemente catalogada e dirigida por um bibliotecário sabedor, convencer-me-ia. Uma biblioteca com funcionárias rápidas e afáveis, que conhecessem de cor os seus livros e resolvessem as nossas dúvidas com salvíficas recomendações, teria em mim um apoiante. Se o PCP defender isto, digo-vos que me alisto sem problemas e até prometo ler a obra completa do Modesto Navarro. PL
O DESABAFO DE MICTÓRIO: Houve um tempo em que se faziam excursões aos mictórios para se admirar essa instituição nacional altamente respeitável mas um pouco esquecida: o desabafo de mictório. Os nossos mictórios sempre se distinguiram pela elegância e criatividade. Inscrições fascistas e reaccionárias, comentários sexuais, confissões. Devemos isto tudo ao sucesso de uma espécie admirável – os escrevinhadores de mictório – gente que ocupa o seu tempo a dissertar sobre a vida nos mictórios da cidade, exibindo as suas pungentes razões. Na política, na arte, no sexo, os escrevinhadores de mictórios interessam-se pela verdade, pelo fundo da alma humana. Aquelas são as suas opiniões, a sua íntima revolta, o seu esplendoroso ser. É, por isso, digo-vos já, que sempre me pareceu ridícula e ofensiva esta hostilidade moderna aos escrevinhadores de mictório. Digam o que disserem mas nenhum mictório coloca a Pátria e a democracia em perigo. E nem mesmo a circunstância da confissão de mictório ser comum aos mictórios masculinos e femininos, deve constituir motivo para pesarosas preocupações. Tratar-se-á apenas de uma igualdade de mictório, que, aliás, já tardava. Não temamos o protesto de mictório, o lamento de mictório ou mesmo a intenção de mictório. Nada disso assusta. Recentemente, ouvi não sei onde que os desabafos de mictório chegaram à Assembleia da República. Eu não vi, não sei e ninguém me contou nada. Mas sei que, se isto se confirmar, é o primeiro passo para atribuir uma solenidade genuinamente nacional às nossas confissões de mictório. Que Bruxelas fique com os seus mictórios longos e luzidios, os nossos terão o que nós entendermos. Não nos roubem isso. Se o Ferro Rodrigues é um escrevinhador de mictório, eu também quero ser. PL
CAMBADA: Há cada vez mais bloguistas discípulos do MEC, e muitos deles são perigosos direitistas. Mas a sua credibilidade é diminuta: segundo noticiam sectores esquerdistas, os blogs de direita estão todos ligados ao caso Moderna. PM
COISAS DE QUE NÃO TENHO ORGULHO: A bancada parlamentar do PP.

COISAS DE QUE TENHO ORGULHO: A bancada parlamentar do PCP.

PM
TRUE STORY: Uma vez fui a um net-date. «Então que fazes»?», perguntou a moça, eminentemente banal. Respondi e retribuí a pergunta. «Sou jornalista na Acção Socialista». Nunca mais fui a net-dates. PM
DECÁLOGO: Não quero quebrar a regra de silêncio, nem pecar contra o Decálogo, mas devo aqui manifestar a minha discordância face a um post do PL: podemos dizer que os políticos «são todos iguais», mas, caro Pedro, a JAD não é parecida com o Louçã. Haja rigor. PM
EURO-TRASH: Leio que Jardim pode ser proposto por gente do PSD para Comissário Europeu. O anti-europeísmo desta gente é doentio. PM
NEO-NADA: Mais um pedido encarecido: nós não somos «neo-conservadores» (somos conservadores), não somos neo-liberais (apreciamos algusn aspectos do liberalismo clássico), não somos neo-coisa nenhuma. Nem sequer somos do NEOS (Núcleo de Estudos Oliveira Salazar). Nos oitenta e tal anos somados dos membros da Coluna, não há um ano (nem sequer um fim-de-semana) em que tivêssemos sido de esquerda, para agora nos convertermos em «neos». Tenham paciência. PM
POBRE TRIPA: O Pedro Mexia tem uma tão completa falta de afecto pelo 25 do 4. que todos os anos, ao que percebi, aproveita o dia para defecar com vigor. Não diz se comemora cada um dos n dias de 1926 a 1974 da mesma forma, mas esperamos todos que não, senão definha rapidamente. Eu, por outro lado, conheço muito boa gente, alguns da minha família, que nunca tendo participado em PREC algum, nem sendo bloquistas ou aparentados, volta e meia amaldiçoam cada um desses dias, embora nem se dêem ao trabalho de gastar energias com defecações comemorativas. E às vezes, depois de me sentar com o meu avô e ouvi-lo falar da miséria desses tempos, da falta de tudo, dos abusos das autoridades e dos patrões, sinto que nada do que aconteceu no PREC tem grande importância e que afinal até existem razões para comemorar o 25 do 4. Mesmo sabendo que só ganhámos verdadeiramente a democracia com o outro 25. Desculpe lá, Pedro Mexia, mas é mesmo assim, e você só não o sente assim porque não quer. Você mais facilmente iria ouvir o que têm a dizer os iraquianos sobre a ditadura do Saddam, do que se sentaria a ouvir um velho comunista de Baleizão sobre o que era viver neste País antes do famigerado 25 do A. A última coisa que você quer é ser apanhado em falta a comover-se com neo-realismos serôdios. Mas engraçado mesmo foi ler que o Rumsfeld defende o PREC hardcore do Iraque, argumentando que a conquista da liberdade tem destas coisas. (Antonio Ramos)


Caro António: não interprete mal, eu só defecava em espécie em criança, agora defeco apenas em espírito. Que diabo, não haveria tripa para tanta esquerdice. Bocas sobre o período 1926-1974 para a Coluna não aquecem nem arrefecem. Não somos defensores desse regime. Ponto final. Mas também não somos defensores do regime que em 1974-75 se procurou criar em Portugal, e é para esse regime que consagro as tais defecações mentais, na impossibilidade de comprar um moca de Fafe. Numa coisa tem razão: eu comover-me com neo-realismos serôdios (passe a redundância) é tão provável como apaixonar-me por uma deputada ecologista. PM
QUEIXA À DECO: Jerónimo de Sousa abandonou a AR. Carvalho da Silva anuncia para breve o fim do seu mandato como dirigente da CGTP. Está mal. Já nos tiraram o Ministro Iraquiano da Informação, não deixaremos que nos privem de todas as nossas referências do humor contemporâneo. PM
COMEDY CENTRAL: A esta hora, todos já lá foram, quanto mais não seja pelos links deste e doutros blogs. Mas vale a pena relembrar: o Gato Fedorento entrou na corrida para o blog mais divertido da lusoblogosfera. Dos quatro rapazes, permitam-me destacar o impagável Ricardo de Araújo Pereira e o nosso camarada reaça Zé Diogo Quintela. É a «Factory» Produções Fictícias em acção, meus amigos, e com os Fedorentos as piadas da Coluna vão passar de Groucho Marx a Fernando Rocha, comparativamente. Ricardo, vê se nos dás umas hipóteses, que nós temos uma família para alimentar. Zé Diogo, vigia aí a esquerdalhada, e mostra-lhes as delícias do capitalismo americano. Bienvenidos. PM
ALGUNS PEDIDOS: Deixamos aqui alguns pedidos a quem nos escreve: indiquem no subject o tema e o destinatário; sejam concisos; não mandem attachments, a não ser que seja absolutamente necessário; se citarem um artigo, tentem mandar o respectivo link; não enviem ataques aos blogs esquerdistas, porque não é nossa intenção publicar posts dessa natureza; por favor, encarecidamente, tenham algum sentido de humor (incluindo a perpecpão da ironia, de vários níveis de leitura, de truques retóricos e assim por diante): a maioria das queixas que recebemos não fariam sentido se deixassem de lado a interpretação literal e imediata. Estamos a receber muitos mails, e tentaremos publicar os mais relevantes. Ajudem-nos a melhorar essa secção. Obrigado. PM

segunda-feira, abril 28, 2003

RELATIVOS (3): Há dias em que leio o País Relativo e não consigo acreditar que, quando os ventos sopravam para aquele lado, os rapazes defendiam os governos de um democrata-cristão chamado Guterres. PL
RELATIVOS (2): Um ministro que destrói o seu ordenado num casino; um ministro que se embebeda e despacha melhor se estiver bêbedo (que bela ideia); um ministro com irreprimíveis pulsões sexuais; um ministro habitualmente consumidor de prostitutas - este ministro deve demitir-se? Não, não deve. Porque, por muito que isto enodoe a personagem, nada tem a ver com o exercício estrito das suas funções. É o que se passa com o dr. Portas: errou tremendamente ao associar-se à trupe da Moderna mas não fez mais do que isso. E o que eu quero saber é como anda a defesa nas mãos dele. Mas, sobre isto, os Relativos nada dizem. PL
RELATIVOS (1): A rapaziada do País da Rosa anda muito obcecada com o dr. Portas. Já esqueceram de quando precisaram dele para enterrar o dr. Cavaco (que boas eram as manchetes de 6ª feira). O problema dos Relativos é quererem, a todo o custo, a demissão de um ministro por causa de más companhias ou meras suspeitas da prática de umas tantas ilicitudes. Ainda não perceberam que os ministros apenas são responsáveis por actos políticos defeituosos praticados no exercício das suas funções. Este simples princípio lê-se num opúsculo de Benjamin Constant apropriadamente chamado «Da Responsabilidade dos Ministros». Se quiserem, posso emprestar-vos. PL
VIAGEM: Um amigo recente conta-me a sua recente viagem à Holanda (ou numa designação infinitamente mais preferível: Países Baixos): as tulipas, as bicicletas, o profissionalismo, a limpeza, a organização. Eu vou ouvindo em silêncio. Depois pergunto: «e não há mais nada»? Ele olha-me com terror e estupefacção. «Querias o quê?» pergunta. «Nada, não queria nada», respondi-lhe com vergonha e embaraço. No juízo final, eu sei que tudo isto ser-me-á relembrado. PL
NUDEZ COM CINTO: No tempo em que julguei que a literatura seria um ofício, criei uma personagem que se destacava por andar todo nu em causa com um cinto. Acho a ideia tão boa que me espanto por nunca ninguém ter pegado nisto. E eu nem sequer peço royalties. PL
A FRASE: Comecei por hesitar, por pensar duas vezes (coisa habitual). Depois falei com Pedro Mexia e pedi aconselhamento. Ele disse-me, com rara emoção, quase em lágrimas, para nunca me esquecer que sou um infame. Sou um infame. Tens razão, Pedro, sou um infame. Portanto, eu tenho infamemente que vos dizer o que ouvi hoje da boca de Diogo Infante enquanto explicava ao país a sua técnica peculiar de ler jornais. Disse o Diogo: «gosto de começar por trás porque é mais suave». Pronto. Era isto que eu tinha para dizer. Já disse. Está feito. Agora não se fala mais nisso. PL
MOMENTOS: Ninguém o mencionou mas o momento alto das cerimónias do 25 do A pertenceu a Paulo Portas: a certa altura, pôde ver-se pela televisão, a câmara apanha Manuela Ferreira Leite, Durão Barroso e Paulo Portas num único plano. Os três são filmados quase de perfil. Durão e Ferreira Leite estão com ar grave e imperturbável. De repente, Portas desloca a cabeça e olha para alguém da bancada do PP. Sorri e pisca o olho direito. Isto define um político. E um Governo. PL
DEMOCRACIA: Entre a democracia representativa e a democracia participativa, prefiro a primeira. Chamar a polícia é a única forma de participação política que eu admito. PL
UM PRESIDENTE SENSÍVEL: É a mesma coisa todos os anos. Os palavrosos discursos do Presidente Sampaio acabam com uma voz embargada, compungida e lacrimejante de emoção. O Presidente Sampaio é o presidente mais sensível que nós já tivemos. Eanes era um militar e sorriu apenas uma única vez (quando Mário Soares, ao sair de um palco, partiu uma perna); Soares um bonacheirão que, como se sabem não se comove facilmente. Mas Sampaio, pelo contrário, chora com espantosa frequência, perdido de comoção com as suas doces palavras. Isto, queiram ou não, é um problema, um grande problema: enquanto tivermos um Presidente sensível e tímido, que lê em poesia em vez de visitar ao domingo as provas do campeonato de motocrosse em Oliveira do Bairro, enquanto tivermos um Presidente com a mania da cultura em vez de pensar em colar no Palácio de Belém os posters do Correio da Manhã de domingo, enquanto tivermos um Presidente igual àqueles colegas do liceu que eram vestidos pela mãe e estudavam todos os dias, enquanto isto continuar, esta coisa que somos nós, que é Portugal, nunca conseguirá ir para a frente. Nós precisamos de um Presidente masculino, que diga palavrões, não de um senhor que se comove muito consigo próprio. PL
A GRANDE FESTA: Volto ao 25 de A, se me permitem. Não creio que muitos tenham presenciado a cerimónia parlamentar de comemoração de mais um 25. Mas eu, confesso, assisti a tudo, a todos os discursos, a todas as prédicas: da sra. Apolónia, de JAD, do sempre hirto Medeiros Ferreira... Calma: não olhem para mim com esse desprezo e compaixão. Não se trata de gostar do duo Sade-Masoch. Eu simplesmente esperava uma ideia, uma gaffe, um insulto que me pudessem inspirar a escrever qualquer coisinha depois. E, no entanto, enganei-me. Dali não saiu nada. As comemorações abrilistas já não têm a graça de outros tempos. E nem mesmo a circunstância de parte dos discursos ter ficado com a criançada, inverteu este estado de coisas: a JAD é tão parecida com o Louçã, o João Almeida tão igual ao Paulo Portas, aquele querubim do PC cujo nome me escapa é tão próximo dos outros camaradas. É por isso que acho cada vez mais que as comemorações do 25 de Abril deviam ser reservadas a profissionais e a um grande espectáculo de variedades: actores de teatro para a peça «Quem nos lixou o 25?», malabaristas, strippers, a participação especial da Tonicha (com os êxitos de 1975), uma cena de cama entre o Rosa Coutinho e a Julie Sergeant, anedotas contadas pelo Vasco Gonçalves e pelo José Jorge Letria, o concurso «Revolução Triunfo» (para imitações de cantigas revolucionárias), enfim, tanta coisa pode ser feita para evitar que a data caia na modorra em que está. O evento seria gratuito para todos os esquerdistas e a 1 euro para a burguesia. Os fedorentos poderiam começar a pensar nisso. PL
VIDAS PRIVADAS: Continuo a receber mails com o subject «Increase Your Penis Size Now». O que eu quero saber é: quem andou a falar com a minha ex? PM
FILIPE NUNES? ESSE NÃO É DO PSD? Ao ler alguns post do País Relativo fico perplexo: tenho uma vaga ideia de que o Filipe Nunes disse que os Relativos eram socialistas liberais, o que não joga nada com o conteúdo actual do blog (tirando o futebol e as discotecas). E a verdade é que não encontro esse post. Se calhar sonhei. Ou então o Comité de Apagamento de Rui Mateus também apagou o Filipe. Já avisei a Amnistia Internacional. PM
FOOT: Perguntam vocês porque não há posts sobre futebol na Coluna. É simples: ao Coutinho, que é portista, não lhe dá para escrever sobre o assunto, e o Pedro e eu, que somos respectivamente sportinguista e benfiquista, temos vergonha na cara. PM
ANDA TUDO TROCADO: Vou então explicar a analogia ao PAS: quando eu penso no Pedro (não sejam badalhocos) associo: reuniões de Comissão Política, provas de doutoramento, Kylie Minogue, um jovem primeiro-ministro, uma gravata italiana, eu sei lá, e não façanhudos abrilinos a querer partir os dentes à reacção. Por isso disse que o PAS está para o desfile grunho-comuna de Abril como eu para um desfile de garbosos modelos masculinos, todos magros, musculados, longilíneos, perigosos e gays. Simplesmente não joga. Desculpa, Pedro, não quero forçar a nota física, mas tu simplesmente não tens um ar esquerdista, rapaz, e não creio que quando liderares a coligação PS/BE em 2018 comovas o proletariado (se bem que o proletariado em 2018 não deve ser por aí além). A verdade é esta: eu tenho demasiado mau aspecto para ser de direita e tu tens demasiado bom aspecto para seres de esquerda. Anda tudo trocado. PM
E NÃO SE ARRANJA UMA REQUISIÇÃO PÚBLICA? Caros amigos: esta semana será problemática, pelo menos da minha parte, com uma catrefada de textos e artigos para entregar, e uma mini-tour nas ilhas (infelizmente, não inclui as Selvagens). Temos respostas atrasadas, polémicas, e temas novos, mas esta semana vai ser de novo em serviços mínimos (não te assustes, Mariana, não quer dizer que seja o Coutinho). Tenham paciência, que até o capitalista suicida aparecer isto é apenas um hóbi (diabo do Dicionário da Academia). PM

domingo, abril 27, 2003

HUMANUM EST: Agradecemos a quem nos manda correcções de gralhas. Outro dia, em vários posts de madrugada, escrevi mal sete ou oito palavras, e só as emendei na manhã seguinte, quando reli os posts. Mas por vezes escapam mesmo à releitura. Por isso, é bom que nos alertem. Mas toda a gente tem lapsos e desatenções, meus amigos: não vale a pena mandarem-nos mails a dizer que somos ignorantes e analfabetos. Zanguem-se com as nossas ideias, não com os nossos lapsos. PM
AINDA ABRIL (5): Dos três DDD de Abril, que balanço? A democracia foi um sucesso, apesar do PREC, e um case-study só ultrapassado pela transição espanhola. O desenvolvimento também se deu, apesar do PREC, e sobretudo depois da adesão europeia. Mas a descolonização - aquela descolonização - isso, meus amigos, é a grande vergonha de Abril. Aí, quem venceu não foi a liberdade, foi apenas o PREC. E como sabemos que grande parte dos festejantes de Abril são adeptos do PREC, nunca entoaremos loas a Abril. Desculpem lá. PM
AINDA ABRIL (4): De vez em quando «convidam-nos», cinicamente, para ir ao desfile cívico do 25 A. Mas, como bem pergunta o Intermitente, como seria recebido pelo povo marchante um cidadão com, digamos, uma bandeira do PSD? A liberdade é, felizmente, de todos, mas o 25 de Abril é vosso, caros esquerdistas. Pena que outro 25 tenha instalado a democracia burguesa. A vida é assim. PM
AINDA ABRIL (3): Ana Gomes, diz o PÚBLICO, ergueu o punho e gritou «o povo unido jamais será vencido». Desde o Dr. Strangelove que não víamos um impulso refreado mas tão impossível de conter. PM
AINDA ABRIL (2): Vi imagens do Pedro Adão e Silva na manif. O Pedro Adão e Silva numa manif do 25 de Abril é como o Pedro Mexia num desfile da Elite Model Look. PM
AINDA ABRIL: Ontem estive out, e por isso aqui ficam, atrasadas, cinco notas ainda sobre Abril. Começo pela biografia. O JCP contou aqui uma experiência decisiva que teve num dia 25 de Abril. Ao contrário do João, não foi a 25 de Abril que perdi a virgindade (circulam mesmo rumores plausíveis de que ainda não perdi a virgindade). Mas, ao contrário do João, eu já estava entre o número dos vivos em Abril de 74. Tendo nessa altura um ano e meio, não é difícil responder à pergunta BB «onde é que estavas no 25 de Abril?»; estava, naturalmente, em casa. Mas tentei saber o que fiz especificamente nesse dia. Um rápido inquérito indica que se não estivesse a dormir me entregava a intensa actividade defecativa. Faz sentido: desde aí até hoje, a minha atitude para com o 25 A tem sido precisamente essa. PM
O EVANGELHO SEGUNDO MARK: O senhor Mark Eitzel esteve esta noite no Lux, em Lisboa. E não deixou qualquer dúvida: trata-se de um dos grandes songwriters contemporâneos. Um concerto acústico, com abundantes piadas, divertidas introduções, apartes, confissões. De fatinho, mais gordo e careca, mas sempre com a sua pera, Eitzel entrega-se em palco: balança o corpo, bate com os pés, dá saltos desajeitados, todo ele é um organismo em movimento entrecortado, bizarro. Podemos fazer uma genealogia dos songwriters geralmente chamados deprimentes, que associaria cada estado de espírito a uma tendência psicológica ou psiquiátrica e sobretudo a um tipo de álcool ou de outra substância. Mark Eitzel é um poeta dos bares, mais propriamente dos bares à hora de fechar, e há algum torpor alcoólico nas suas canções, apesar do modo vigoroso como as interpreta, com uma voz cheia e por vezes berrada. Há um stand-up comedian em Eitzel; diz que se mudou de S. Francisco porque não gostava do «amor» obrigatório que o ectasy causava a toda a gente, além de que um careca não pode usar «flowers in his hair». Mas os relatos divertidos e desesperados não pararam por aqui: amores frustrados, uma mulher que queria o seu esperma, a morte da mãe, as drogas, o desejo de mudar de cara, uma conversa com um dj. As introduções deslizam suavemente para a canção, como se dela fizessem parte, o que lembra de certo modo o Tom Waits dos primeiros álbuns. Eitzel é um mestre do que em inglês se chama «self-deprecation», e cada história, cantada ou contada, é um vinheta do que Mr. Eitzel chama cruelmente a sua «wonderful life». Um pessimista hardcore. Mas (cá está) um pessimista esquerdista: não faltaram as imbecilidades políticas: a América prepara-se para ser o regime mais fascista que já se viu (sic). Momentos altos da noite: «I've Been a Mess» (sim, a canção sobre Lázaro), um «Gratitude Walks» cantado à beirinha do público, e «Patriot's Heart», na qual Eitzel, desgostoso com a pátria, vê como razão para o seu patriotismo uma cena patética entre um stripper masculino e homens mais velhos (!). «I was born catholic and american», diz, mas hoje detesta ambas as heranças, embora estejam ambas em quase cada verso de cada canção. Divertido, desesperado, disserta sobre a morte que nos vai apanhar a todos e sobre o seu testículo direito. Zangado com a guitarra, que se engasga, desliga-a e toca, unplugged, em cima do público. Uma hora e um enconre depois Mark sai do palco. Um evangelista tem que se fazer à estrada. PM