sexta-feira, janeiro 31, 2003
ISRAEL E A PALESTINA: Para terminar, uma breve resposta ao leitor Filipe Moura, que no Blog de Esquerda nos pergunta o que achamos de Sharon. Bem, não somos fãs, francamente, mas é o PM eleito (e re-eleito) de Israel, e respeitamos isso. Esperamos uma política sensata de alianças parlamentares, que evite a direita religiosa. Temos pena da carreira errática dos Trabalhistas, que podem contribuir para uma união nacional que contribua para resolver a questão palestiniana. Somos contra uma política agressiva de colonatos e incursões, mas favoráveis a todos as respostas proporcionadas a ataques terroristas. Lamentamos que Arafat e a sua clique se eternizem no poder, não eliminem um aparelho corrupto e anquilosado, não se sujeitem a regras democráticas e, sobretudo, que não condenem com sentida veemência os ataques suicidas, nem façam o que estiver no seu poder para os evitar. Temos pena que os palestinianos tenham recusado Oslo, mas acreditamos que, a longo prazo, é imperioso a coexistência (ao menos militarmente pacífica) entre dois Estados democráticos, a Palestina e Israel. PM
A DIREITA E AS DIREITAS: Ainda no Bisturi, lemos alguns comentários, quase todos estranhamete favoráveis, à Coluna. Um leitor refere que há muitas direitas, chamando a atenção, justamente, para o livro de Jaime Nogueira Pinto A Direita e as Direitas (Bertand), que de entre os disponíveis no mercado é a melhor introdução ao tema. Tenta depois caracterizar-nos politicamente como «americanófillos». Não escondemos o nosso apreço por várias facetas dos Estados Unidos da América (em especial a música popular, o cinema e a literatura), e o nosso apoio genérico à sua política internacional. Mas «americanófilos» não é uma definição política; acontece que neste momento a questão mais importante em cima da mesa encolve directamente os EUA, e por isso tantas referências nossas à América. Não pretendemos fazer disso a pedra de toque da nossa intervenção, mas francamente nesta altura não fazia sentido estar a escrever posts sobre a questão de Chipre, infinitamente mais paroquial que esta. Tem razão porém o leitor ao assinalar que aquilo a que chama a «direita continental» não tem, tradicionalmente, grande apreço pelos EUA, ou não fosse essencialmente de matriz francesa (Maurras e descendentes). Politicamente, para dizer a verdade, somos sobretudo «anglófilos», isto é, reconhecemo-nos sobretudo na tradição do pensamento conservador inglês, de Burke a Scruton, passando por Eliot ou Oakeshot (recomendamos o Portable Conservative Reader). Um pensamento que tem mais a ver, é certo, com a direita americana (democrática) do que com grande parte da direita continental (de importante matriz fascizante, até há bem pouco). Voltaremos ao assunto. PM
BLOGWORLD: De Manuel Poças - do blog Bisturi - recebemos o seguinte mail:
Li agora mesmo a vossa referência ao comentários que fiz no meu blog. Permitam-me responder:
1. Não refiro «análise primária» no sentido de «básica» ou «intelectualmente inferior». Refiro-me a uma análise talvez demasiado presa a determinados pontos de vista e naturalmente aversa a outros. Se encararmos a Coluna como um blog de análise política com uma vertente marcadamente conservadora-liberal [como deveria ter feito logo de início, e aí o erro é meu], tudo está bem, e o leitor sabe ao que vai. Se virmos na coluna um blog de opinião política ponto final, então parece-me haver um déficit de pluralidade. Quanto à questão direita/esquerda, a Coluna parece pouco disposta a fazer um post em que não separe claramente a questão entre um «nós» e um «eles». Não subscrevo [na maioria da actualidade política, particularmente em matéria de relações internacionais] esta opção. Parece-me, como referi, uma separação bastas vezes artificial. Terá Havel virado ontem para a direita?
2. É certo que o PÚBLICO [o exemplo com o qual estou mais à vontade, pois é o «meu» diário] é um jornal «de esquerda», mas todas as dias/semanas temos artigos de grandes políticos/intelectuais das mais variadas correntes políticas. Mesmo os últimos editorias são exemplo de uma pluralidade saudável e que, talvez erradamente, procurei também encontar novo blog. De resto, a própria «identidade» do blog remete para a individualidade.
3. Quanto à questão da assinatura, mantenho a minha opinião e considero-a o ponto mais negativo da coluna.
Obrigado pelo comentário. Pensamos (ai o plural) ter respondido a grande parte dessas questões no post anterior. Só três esclarecimentos:
1. A Coluna Infame é um blog político conservador-liberal, e nele escrevem três pessoas que defendem esse tipo de posições, e outras, exteriores a este grupo, que se queiram associar, mas dentro da mesma linha valorativa. A pluralidade faz-se do diálogo, nomeadamente entre blogs, respondendo a cartas, etc. É claro que em certas questões - e estamos hoje confrontados com uma - há um «nós» e um «eles». Isso é o que é próprio da política. (Quanto a Havel: não dizemos que é um homem de direita, mas sim um resistente ao comunismo e um homem que por isso mesmo não hostiliza a América).
2. Assumimos, no post anterior, a defesa de um jornalismo (e de um «bloggismo») de tendência. Gostamos de ler todas as opiniões, mas não de confusão intelectual.
3. Respeitamos a sua opinião. Se essa for também o parecer dos outros leitores, admitimos rever a nossa política de assinatura. Mas até agora não tivemos mais queixas.
Ficamos abertos a mais sugestões e comentários (colunainfame@hotmail.com). É bom que comece a haver diálogo e discussão. Para isso estamos cá sempre. PM
Li agora mesmo a vossa referência ao comentários que fiz no meu blog. Permitam-me responder:
1. Não refiro «análise primária» no sentido de «básica» ou «intelectualmente inferior». Refiro-me a uma análise talvez demasiado presa a determinados pontos de vista e naturalmente aversa a outros. Se encararmos a Coluna como um blog de análise política com uma vertente marcadamente conservadora-liberal [como deveria ter feito logo de início, e aí o erro é meu], tudo está bem, e o leitor sabe ao que vai. Se virmos na coluna um blog de opinião política ponto final, então parece-me haver um déficit de pluralidade. Quanto à questão direita/esquerda, a Coluna parece pouco disposta a fazer um post em que não separe claramente a questão entre um «nós» e um «eles». Não subscrevo [na maioria da actualidade política, particularmente em matéria de relações internacionais] esta opção. Parece-me, como referi, uma separação bastas vezes artificial. Terá Havel virado ontem para a direita?
2. É certo que o PÚBLICO [o exemplo com o qual estou mais à vontade, pois é o «meu» diário] é um jornal «de esquerda», mas todas as dias/semanas temos artigos de grandes políticos/intelectuais das mais variadas correntes políticas. Mesmo os últimos editorias são exemplo de uma pluralidade saudável e que, talvez erradamente, procurei também encontar novo blog. De resto, a própria «identidade» do blog remete para a individualidade.
3. Quanto à questão da assinatura, mantenho a minha opinião e considero-a o ponto mais negativo da coluna.
Obrigado pelo comentário. Pensamos (ai o plural) ter respondido a grande parte dessas questões no post anterior. Só três esclarecimentos:
1. A Coluna Infame é um blog político conservador-liberal, e nele escrevem três pessoas que defendem esse tipo de posições, e outras, exteriores a este grupo, que se queiram associar, mas dentro da mesma linha valorativa. A pluralidade faz-se do diálogo, nomeadamente entre blogs, respondendo a cartas, etc. É claro que em certas questões - e estamos hoje confrontados com uma - há um «nós» e um «eles». Isso é o que é próprio da política. (Quanto a Havel: não dizemos que é um homem de direita, mas sim um resistente ao comunismo e um homem que por isso mesmo não hostiliza a América).
2. Assumimos, no post anterior, a defesa de um jornalismo (e de um «bloggismo») de tendência. Gostamos de ler todas as opiniões, mas não de confusão intelectual.
3. Respeitamos a sua opinião. Se essa for também o parecer dos outros leitores, admitimos rever a nossa política de assinatura. Mas até agora não tivemos mais queixas.
Ficamos abertos a mais sugestões e comentários (colunainfame@hotmail.com). É bom que comece a haver diálogo e discussão. Para isso estamos cá sempre. PM
EXPLICAÇÕES: O blog Bisturi, que aqui referimos como um dos poucos que valia a pena espreitar, refere-se a nós e ao Blog de Esquerda. Assim: Também encontrei blogs centrados sobre a actualidade política, como é o caso da Coluna Infame e do Blog de Esquerda. O primeiro é conservador-liberal, o segundo vocês deduzem. Ambos são interessantes, embore a inclinação ideológica seja seguida [particularmente pela Coluna] de uma forma um pouco primária, de modo que todas as análises estão previamente condicionadas por uma distinção esquerda/direita que muitas vezes passa por artificial. Acrescenta, em resposta a comentários, que já não faz sentido a estrita divisão ideológica, que gostava de ver outros pontos de vista neste blog e que não percebe porque assinamos colectivamente. São todos pontos pertinentes. Em primeiro lugar, como qualquer leitor regular pode verificar, não somos primários: não defendemos incondicionalmente ninguém, não somos cegos às críticas ao nosso lado, tentamos analisar sensatamente os factos, à luz também das nossas convicções. A distinção esquerda / direita não faz já qualquer sentido? Vejam as tomadas de posição sobre a guerra, e estamos de novo perante aquele separar águas claríssimo que, em vários momentos, dividiu dois blocos ideológicos. É verdade que muitos dos temas tradicionais de divisão já não fazem sentido, quer por desactualização histórica, quer por maior consenso geral. Mas nas questões essenciais as linhas de demarcação aparecem. E nós sabemos de que lado estamos. De resto, quer o Blog de Esquerda, em Portugal, quer uma quantidade de blogs políticos estrangeiros que lemos habitualmente se posicionam de forma clara, sem que por isso sejam primários. Outros pontos de vista? Através de citações, de polémicas e, futuramente, de links, vamos dialogando com opiniões contrárias. Em breve, esperamos publicar cartas dos leitores, e responder a críticas. Mas não fazia sentido este blog ter pessoas de várias orientações. Somos adeptos da imprensa de tendência, de saber que quando compramos o Figaro, o ABC, o Corriere della Sera, o Times ou o Telegraph, estamos a comprar jornais de direita, como sabemos que o Libération, o Monde, o El Pais, o Guardian ou o Independent são de esquerda (e lemos uns e outros). Só em Portugal acontece a esquizofrenia ideológica do DN (todos contra todos), ou a bizarria do PÚBLICO (um jornal de esquerda com um director de direita). Finalmente, o ponto mais criticável: o plural que usamos nos textos. Por várias vezes pensámos se seria uma boa solução. A resposta é positiva, por quatro razões. 1) Porque somos apenas três, e no essencial estamos de acordo (a regra é que se alguém tiver uma opinião não-partilhada, assina com o seu nome). 2) Porque o plural nos refere, realmente, a nós os três, que temos a perfeita consciência de formar um grupo pouco representativo em termos de número, e que por isso, assumimos essa diferença. 3) Por ternura para com o plural utilizado tradicionalmente pelos partidos comunistas. 4) Para esconder a muito desigual divisão de trabalho entre os três (cof, cof). Admitimos mudar de opinião. Mas por agora, não vemos razão para isso. Agradecemos, entretanto, as críticas do Bisturi, e estamos disponíveis para continuar o diálogo com quem nos leia. O mail, já sabem, é o colunainfame@hotmail.com
EXCISÃO E VALORES: Penso que todos os nossos leitores aplaudirão a decisão, anunciada pelo Ministro da Presidência, de investigar e punir casos de mutilação genital feminina em território nacional, de que há não muito tempo uma reportagem do PÚBLICO nos dava conta. Então fica a pergunta: se todos estamos de acordo que a excisão é uma prática abominável e criminosa, isso não significa que o relativismo moral é uma fraude? Isso não significa, dito de outro modo, que devemos estar seguros quanto a alguns dos nossos valores, em vez de um perpétuo masoquismo e anti-ocidentalismo? Será que a esquerda se esqueceu das Luzes? PM
POLÍTICA EXTERNA: É certo que se torna preciso acabar com a ambiguidade constitucional sobre a distribuição de poderes entre PR e Governo em matéria de política externa. Mas aqui, isso nem sequer está em causa: Durão não declarou guerra ao Iraque, declarou apoio político aos Estados Unidos, e tem todo o direito de o fazer. Sampaio, preocupado, telefonou logo a...Chirac. Diz-me a quem telefonas...
SOS RACISMO: Mandela, que devia estar em casa a colher da sua idade o doce fruito, atacou Bush e Blair. Nada de extraordinário, até aqui. O velho senhor das camisas exóticas não prima pelo sentimento pró-ocidental. Grave é que sugira que EU e Reino Unido manipulam o Secretário Geral da ONU, e se sentem à vontade para o fazer, por ele ser negro. Qual é, nestas declarações, o verdadeiro racista?
O BANDO DOS OITO: Aqui está o documento daquele que já foi denominado como «o bando dos oito», na versão publicado no The Times. Primeiro parágrafo:
THE real bond between the United States and Europe is the values we share: democracy, individual freedom, human rights and the Rule of Law. These values crossed the Atlantic with those who sailed from Europe to help create the USA. Today they are under greater threat than ever.
The attacks of 11 September showed just how far terrorists — the enemies of our common values — are prepared to go to destroy them. Those outrages were an attack on all of us. In standing firm in defence of these principles, the governments and people of the United States and Europe have amply demonstrated the strength of their convictions. Today more than ever, the transatlantic bond is a guarantee of our freedom.
AssinamAznar, Durão Barroso, Berlusconi, Blair, Havel, Peter Medgyessy da Hungria, Leszek Miller da Polónia e Anders Fogh Rasmussen da Dinamarca.
O texto, elaborado por Aznar e depois emendado, não prima pela elegância da prosa, mas, por uma vez, isso é secundário. Este texto mostra dois pontos importantes: que nem toda a Europa se revê no eixo passadista franco-alemão, e que uma parte dos novos países membros da NATO e da UE não cultivam o americanismo (para além dos PM's conservadores e de Blair, é bom ter deste lado uma figura com a estatura moral de Vaclav Havel). Com a Austrália e o Canadá, são dez os países ocidentais que apoiam a posição americana, o que é assinalável. Se dois países puderam, unilateralmente, exprimir a sua opinião, porque não podem os outros fazer o mesmo, mas em sentido contrário? A política externa europeia é uma ficção, e os alinhamentos ideológicos ainda se fazem sentir. Particularmente importante é o destaque que o texto põe no valor da liberdade, património intelectual e civilazacional em que estamos com a América, e não estamos com grande parte do resto do mundo. Há, claro, um problema: nenhum destes líderes pode dizer que representa a maioria da sua opinião pública, mas a opinião pública europeia é anti-americana por rotina, fora dos momentos em que, apovorada com um perigo, chama pela cavalaria americana. É uma posição de oito homens políticos, e sobretudo uma resposta a um exacrável protagonismo Chirac / Schroeder que em nada contribuem para a clareza moral que a Europa devia demonstrar num período de separar de águas como este. É por isso que repetidamente nos referimos aqui à guerra: porque entendemos que estão em causa os valores ocidentais, que prezamos, e que estranhamos ver abandonados pela esquerda numa hora crítica. PM
THE real bond between the United States and Europe is the values we share: democracy, individual freedom, human rights and the Rule of Law. These values crossed the Atlantic with those who sailed from Europe to help create the USA. Today they are under greater threat than ever.
The attacks of 11 September showed just how far terrorists — the enemies of our common values — are prepared to go to destroy them. Those outrages were an attack on all of us. In standing firm in defence of these principles, the governments and people of the United States and Europe have amply demonstrated the strength of their convictions. Today more than ever, the transatlantic bond is a guarantee of our freedom.
AssinamAznar, Durão Barroso, Berlusconi, Blair, Havel, Peter Medgyessy da Hungria, Leszek Miller da Polónia e Anders Fogh Rasmussen da Dinamarca.
O texto, elaborado por Aznar e depois emendado, não prima pela elegância da prosa, mas, por uma vez, isso é secundário. Este texto mostra dois pontos importantes: que nem toda a Europa se revê no eixo passadista franco-alemão, e que uma parte dos novos países membros da NATO e da UE não cultivam o americanismo (para além dos PM's conservadores e de Blair, é bom ter deste lado uma figura com a estatura moral de Vaclav Havel). Com a Austrália e o Canadá, são dez os países ocidentais que apoiam a posição americana, o que é assinalável. Se dois países puderam, unilateralmente, exprimir a sua opinião, porque não podem os outros fazer o mesmo, mas em sentido contrário? A política externa europeia é uma ficção, e os alinhamentos ideológicos ainda se fazem sentir. Particularmente importante é o destaque que o texto põe no valor da liberdade, património intelectual e civilazacional em que estamos com a América, e não estamos com grande parte do resto do mundo. Há, claro, um problema: nenhum destes líderes pode dizer que representa a maioria da sua opinião pública, mas a opinião pública europeia é anti-americana por rotina, fora dos momentos em que, apovorada com um perigo, chama pela cavalaria americana. É uma posição de oito homens políticos, e sobretudo uma resposta a um exacrável protagonismo Chirac / Schroeder que em nada contribuem para a clareza moral que a Europa devia demonstrar num período de separar de águas como este. É por isso que repetidamente nos referimos aqui à guerra: porque entendemos que estão em causa os valores ocidentais, que prezamos, e que estranhamos ver abandonados pela esquerda numa hora crítica. PM
quinta-feira, janeiro 30, 2003
THE EPC CONNECTION: Muitos dos que lêem esta página terão aqui chegado por via do artigo de Eduardo Prado Coelho no PÚBLICO de hoje, e do link que a edição on line do jornal fornecia. A «declaração de princípios» deste blog já foi explicitada algumas vezes; por favor passem os olhos pelo nosso arquivo. Iremos, nos próximos dias, comentar algumas das ideias que Prado Coelho alinhavou no seu artigo. Aproveitamos, evidentemente, para lhe agradecer a referência. Sabemos que estamos agora a chegar a mais leitores. Faremos por merecer. PM
A BLOGOSFERA: Os blogs são, à partida, meios de difusão mais ou menos confidenciais, razão pela qual muitos mantêm um registo de diário íntimo, de página secreta. Existem também blogs que apostam numa forma de agregação de diferentes tribos, em diferentes sub-grupos de interesses. Mas o tipo de blog que mais no interessa, e que inspirou a criação da Coluna Infame, foi o blog político, constituído como alternativa aos media tradicionais. É claro que a maioria dos blogs, grande parte deles trabalhos individuais, não se podem substituir aos grandes meios em termos especificamente informativos. Mas, em contrapartida, não têm dois espartilhos importantes dos media tradicionais: o limite de espaço e uma plêiade de censuras (desde a mais óbvia, capitalista ou estatal, até a várias formas de auto-censura). Daí o carácter inovador dos blogs, e em especial dos blogs políticos: libertos de estruturas institucionais de comunicação ou de partidos, vivem num regime de liberdade absoluta de opinião. Por um lado, fazem uma triagem de informação, em grande parte proveniente dos jornais de referência, mas também de publicações mais obscuras, ONG's, think tanks, etc. Por outro, eliminam a distância entre a opinião real e a opinião expressa, sendo por isso espelho muito mais fiel da diversidade valorativa das sociedades livres. O perigo, a que a maioria dos blogs não está imune (é uma autocrítica), é a proliferação de um estilo terrorista, que pode ter uma intenção publicitária ou corresponder a uma certa virulência na vivência individual das ideologias (sabemos, pelas conversas privadas, que quase toda a gente está mais à esquerda ou mais à direita do que em público admite). Estamos entre os pioneiros da escrita blogística séria em Portugal, e somos certamente os primeiros a assumir em Portugal uma visão do mundo que tem alguma relevância sociológica, o que quase não se percebe lendo os jornais. Esperamos, evidentemente, melhorar: não só tecnicamente (links, imagens, etc:), mas na quantidade, qualidade e variedade de informações e comentários, no rigor dos factos, na justeza dos argumentos e na qualidade da escrita (um valor que muito prezamos). Esperamos ter diariamente mais leitores, e leitores críticos. Comentários, sugestões, reparos, detecção de erros factuais ou gralhas para colunainfame@hotmail.com. Semanalmente responderemos pessoalmente aos mails, e se se justificar publicaremos aqui alguns depoimentos (com consentimento dos autores). Obrigado por nos lerem. It's a brave new world. PM
BLOGS EM PORTUGAL: Encontrámos uma listagem de blogs portugueses. Surfámos por todos eles. Como sempre na net, a maioria é lixo: anedotas, «poemas» e diários íntimos (incluindo o diário de uma grávida). Há também guias culturais, blogs sobre saúde, fotografia, cinema, informática, futebol, etc. As questões da net e dos media têm evidentemente um grande destaque, mas os vários blogs feitos por alunos de jornalismo são - como dizer? - pouco animadores. Como seria de esperar, predominam os blogs sobre música pop, na sua vertente indie, aliás quase sempre os mais interessantes, com letras, capas de discos, críticas, comentários, etc. Apreciámos particulamrnte os blogs A Puta da Subjectividade (pois), Bisturi, JC6, Nocturno 76 e Way to Blue, e recomendamos em especial o blog Artigos, com textos sobre, entre outros, o magnífico Will Oldham. No campo mais político, encontrámos os blogs LJCC e Funky Tree, dentro da opinião comum, e Esmaltes e Jóias, do jornalista português residente nos EUA Ilídio Martins (trata-se do único blog não-esquerdista que encontrámos, e talvez por isso fala na Coluna. Obrigado Ilídio). Duas curiosidades são o blog do programa da TSF Íntima Fracção e um dos mais antigos e sofisticados, o de David «I'm so sensitive» Fonseca, dos Silence 4. Alguns dos blogs estão escritos em inglês, um ou outro é mantido por brasileiros, e uma meia-dúzia tem um grafismo muito atraente (mas quase nenhum texto). Podem aceder a estes blogs através do endereço que referimos no início do post. A lista de sites foi compilada por Pedro Fonseca. Feita a ronda, constatamos que os únicos sites indispensáveis são mesmo o Ponto Média de António Granado e o Blog de Esquerda. Além destes vossos criados. Mas temos a certeza que os próximos tempos representarão um salto também qualitativo na blogosfera portuguesa. Daremos notícias.
ELEIÇÕES EM ISRAEL: A questão não está, francamente, nestas ou noutras eleições em Israel e nos seus resultados. A questão está em eleições (ou, ao menos, alguma democracia) na Autoridade Palestiniana.
JONAH GOLBERG SOBRE BUSH: President Bush laid things out clearly when he said, "We will not deny, we will not ignore, we will not pass along our problems to other Congresses, to other presidents, and other generations. We will confront them with focus and clarity and courage." And it struck me; the first metaphor for Bush was still the best. He is a cowboy, in the best sense of the label. He's got a moral compass that points true north even if he's got to zigzag to get there. He speaks plainly. He's not dumb, but he also doesn't need to be the smartest man in the room because he's got right — "providence" in his words — on his side (...). (NRO)
DAVID FRUM SOBRE BUSH: Nice to hear the president condemn communism by name – and not via the vaguer term “totalitarianism” that he used on September 20, 2001. Nice to be reminded, though, that the word “evil” still has meaning for this president. I’m sorry that the word creeps out the French. No, actually I am not sorry at all. They hate the word “evil” because they have so often chosen to do business with evil. Perhaps it is not sophisticated chagrin they feel when they hear President Bush speak, but shame. Or is that giving them too much credit? (NRO)
quarta-feira, janeiro 29, 2003
DUPLICIDADES: Um dos argumentos anti-americanos mais propalados funda-se na duplicidade da política externa americana. Os EUA, diz-se, têm a boca cheia de liberdade e democracia mas não hesitam em patrocinar e promover ditadores sanguinários que os servem como marionetas. Os EUA invocam os direitos humanos mas possuem pena de morte e armas à discrição para todo o freguês interessado. Os EUA, diz-se também, são um país preso à sua soberania mas ninguém os bate quando se trata de invadir territórios e soberanias alheias. Sempre nos pareceram risíveis e líricas as exigências de pureza e santidade aos EUA e à sua política internacional. Por uma razão simples: a duplicidade faz parte da política, sobretudo faz parte da política internacional desde os primórdios e não há nenhum Estado que dela esteja inocente. É estranho, por exemplo, ouvir a França cheia de cautelas com a sua habitual má-vontade contra os EUA. Lembremo-nos só disto: a mesma França que censurou Haider, recebe agora o sr. Mugabe com honrarias várias. Mas, claro, para toda esta malta, só há duplicidade nos EUA.
GEORGE W. BUSH II: Bush terminou há minutos o seu discurso perante o Congresso. Convém desde logo exaltar a dignidade habitual do State of the Union Adress, o seu formalismo antiquado, o seu patriotismo convicto, o seu imaculado bipartidarismo institucional. Quanto ao discurso prorpriamente dito, a atenção estava naturalmente virada para o Iraque e para a guerra contra o terrorismo. A intervenção de Bush ficou sobretudo marcada pela sua extraordinária clareza moral. Bush não é um homem subtil ou sofisticado, mas é um homem de convicções, e alinhou dez ideias essenciais:
1) que a liberdade é o valor político fundamental
2) que no passado a América esteve do lado da liberdade (we sacrificed for the liberty of strangers)
3) que as grandes pragas do século passado, o nazismo e o comunismo, foram enfrentadas e derrotadas pela América
4) que há três nações dominadas por tiranias e que têm ou estão em vias de ter armas de destruição maçiça (e alguém poderá defender os regimes do Irão, do Iraque e da Coreia do Norte?)
5) que estes regimes representam, objectivamente, um mal: if this is not evil then evil has no meaning
6) que os inimigos desses povos não são os americanos mas os seus próprios despóticos governantes
7) que sob a ameaça do terrorismo a paz não é paz nenhuma
8) que a América não procurará a guerra, mas não hesitará em seguir esse caminho, se for o único possível
9) que a América, nessa caso, quer agir com os aliados europeus, mas que se isso não for possível agírá sozinha
10) que a América vencerá a guerra
E isto é exactamente o que é preciso ser dito.
1) que a liberdade é o valor político fundamental
2) que no passado a América esteve do lado da liberdade (we sacrificed for the liberty of strangers)
3) que as grandes pragas do século passado, o nazismo e o comunismo, foram enfrentadas e derrotadas pela América
4) que há três nações dominadas por tiranias e que têm ou estão em vias de ter armas de destruição maçiça (e alguém poderá defender os regimes do Irão, do Iraque e da Coreia do Norte?)
5) que estes regimes representam, objectivamente, um mal: if this is not evil then evil has no meaning
6) que os inimigos desses povos não são os americanos mas os seus próprios despóticos governantes
7) que sob a ameaça do terrorismo a paz não é paz nenhuma
8) que a América não procurará a guerra, mas não hesitará em seguir esse caminho, se for o único possível
9) que a América, nessa caso, quer agir com os aliados europeus, mas que se isso não for possível agírá sozinha
10) que a América vencerá a guerra
E isto é exactamente o que é preciso ser dito.
GEORGE W. BUSH: É engraçado dizerem que somos mais «bushistas» do que Bush; desde logo porque não se vê o que possa ser o «bushismo», tendo em conta que este presidente vai a meio do seu primeiro mandato, e a questão 11 de Setembro / Afeganistão / Iraque tem ocupado quase toda a agenda visível. Além de que nunca fomos entusiastas do homem: nas primárias Republicanas até torcemos por John McCain. Apesar de ter sido Governador do Texas, Bush não possuía experiência política assinalável, parecia mal informado, trapalhão, ignorante de política internacional e, digamos, pouco brilhante com a língua inglesa. Algumas dessas características eram mais graves do que outras, ou mais impeditivas, mas o cenário era pouco animador. Também não nos parecia boa ideia a existência de «dinastias» numa república. E sobretudo o Bush das primárias e das eleições era um Bush proteccionista, isolacionista, talvez um «conservador compassivo», e por isso moderado, mas um homem que no fundo promoveria o demissionismo da América face ao papel que lhe cabe no mundo como única superpotência. Mas para desgraça, desgraça e meia, e entre Bush e Gore o primeiro era o mal menor. Depois do lamentável episódio da contagem (há quem ainda esteja convencido de que Gore ganhou) esperámos para ver. E depois deu-se o 11 de Setembro. Um pouco atordoado nos primeiros momentos (lembremos uma bem fraca comunicação ao país), Bush foi melhorando com os dias. A ligação da Al Qaeda ao Afeganistão e ao vil regime talibã tornou-se evidente, quando muita gente negava a autoria árabe dos atentados (viu-se), o apoio dos mulahs a Bin Laden (viu-se), e previam uma guerra longuíssima e desastrosa (viu-se). Temos acompanhado algumas políticas sectoriais de Bush, mas ainda é cedo para um juízo global. A resposta ao terrorismo, no entanto, tem sido decidida e esclarecida, e esse é o primeiro combate da América. Como demonstra o livro do insuspeito Bob Woodward Bush at War, o presidente mostrou-se à altura de uma crise grave. Ladeado por figuras notáveis como Colin Powell ou Condi Rice, soube ouvir as diferentes tendências mesmo dentro da sua administração, fez um excelente discurso na ONU, eliminou o perigo afegão e boa parte da Al-Qaeda. Depois disso tem estendido a boa-vontade «multilateral» até ao máximo (com a comissão Blix), mas sabe que o adiamento indefinido joga a favor de Saddam. Por isso, a América prepara-se para a guerra, que aliás pode ser evitada por meios mais benignos (uma revolta interna em Bagdad, o assassinato de Saddam ou o seu exílio). Neste contexto, e porque entendemos que os valores americanos são em grande medida os valores ocidentais em que nos reconhecemos (as liberdades), estamos com Bush. Sobretudo porque não acreditamos no pacifismo, que já deu frutos perigosos há não muitas décadas, e porque vemos os valores e os modelos de sociedade de muitos dos que estão contra Bush. «Bushistas»? Não cremos que exista tal coisa. Mas não embarcamos na demonização ou na imbecilização costumeira dos líderes americanos ou da América tout court. Nem apreciamos a cobardia e pusilanimidade europeias. O ataque ao Iraque ainda não começou, a guerra já começou, há cerca de quinze meses. E nesta guerra conhecemos, sem hesitações, o nosso lado.
A BLOGOSFERA CONTRA-ATACA: Tim Blair (http://timblair.blogspot.com) reuniu uma enorme e bem divertida lista de paródias aos «poemas» de Motion, Paulin e Pinter contra a guerra (contra a América). Eis o nosso favorito:
POOR ENGLAND by Nelson Ascher
To have as poet laureate Andrew Motion
whose business is not verse, but self-promotion,
seems bad enough, but then it's more appallin'
to think he'll be succeeded by Tom Paulin.
POOR ENGLAND by Nelson Ascher
To have as poet laureate Andrew Motion
whose business is not verse, but self-promotion,
seems bad enough, but then it's more appallin'
to think he'll be succeeded by Tom Paulin.
terça-feira, janeiro 28, 2003
QUERIDO SADDAM: Sean Penn, Sheryl Crow, Barbra Streisand, Jessica Lange, Ed Harris e caterva dão voz ao «não à guerra». No site de Andrew Sullivan (o grande inspirador da Coluna Infame) está o seu texto para o Sunday Times, que desmonta estas «autoridades» (visitem www.andrewsullivan.com, o melhor blog conservador que conhecemos). Mas hoje vimos o clip protagonizado por Susan Sarandon, que está a passar nas tv's americanas. Há muito que sabíamos que Sarandon era a Fonda pós-moderna, sempre a pregar ao mundo, mas não imaginávamos o ponto a que podia descer: «o Iraque não tem nada contra nós», «nós não temos nada contra o Iraque», dizia para a câmara, com feições compenetradas. Isto é: não se trata apenas de criticar, legitimamente, uma tomada de posição americana (a guerra); a actriz de Thelma and Louise vai ao ponto de negar as evidências. Bastam estas três: a infracção das regras da ONU por parte de Bagdad (leiam o relatório Blix), o perigo de haver um país radical e anti-ocidental com armas nucleares ou similares, e a opressão sadamita. Chama-se a isso propaganda em favor do inimigo, nada a que a esquerda americana não esteja habituada. Mas, vendo bem, Sarandon tem razão, ou quase: não diríamos que o Iraque não tem nada contra os Estados Unidos, mas é certo que os iraquianos, na sua maioria, agradecem secretamente todas as iniciativas que venham a depôr Saddam (como demonstram abundantemente aos jornalistas ocidentais, sempre que se sentem seguros para tal). Ou será que a sra. Sarandon e seus compagnons acreditam que as imagens da população nas ruas a festejar o líder amado são espontâneas? Como dizia um cartaz numa manif «pacifista»: «a única diferença entre Bush e Saddam é que Saddam foi eleito». Um mimo, esta esquerda tiranófila.
CORREIO: Insultos, elogios descabelados, subornos e propostas de casamento para colunainfame@hotmail.com
WELCOME: Se chegou a este blog por causa do artigo de PM no Diário de Notícias de hoje, bem-vindo. Já algumas vezes explicámos a intenção, o funcionamento e o conteúdo deste site. Está no arquivo; dêem uma vista de olhos. Se ficarem bem impressionados, por favor voltem sempre e divulguem. Se ficarem horrorizados, experimentem um blog mais ao vosso gosto: o excelente Blog de Esquerda (http://blog-de-esquerda.blogspot.com). Grazie.
O ATTAC DOS CLONES: É saudável que exista um pensamento crítico, e mesmo adversário, da globalização ou, para falar claro, do capitalismo. Por isso nos parece positivo que se discuta uma outra globalização (embora não, por amor de Deus, uma «globalização outra»), e que se ultrapasse portanto a doença infantil do esquerdismo que é ser «anti» (Guevera exultante como guerrilheiro e embaraçado como ministro). Mas há talvez ainda pior do que ser meramente «anti», sem alternativas: é ter alternativas piores. Quando vemos Hugo Chavez, esse exemplo para o mundo, ser recebido em apoteose em Porto Alegre, ficamos elucidados; Castro teria recepção decerto ainda mais entusiástica; e nem queremos pensar quem mais os Attacs & Cia. apaludiriam. Se os críticos do capitalismo são apenas nostálgicos do socialismo (as prateleiras vazias, lembram-se?), então a montanha pariu um rato. E algumas ratazanas.
LISBON STORY: Apreciamos o esforço reformista de Santana mas já é tempo de parar com a descarada publicidade política que tem sido feita ao seu reinado. Nas ruas, nos jornais, nas televisões, estamos um pouco cansados de ver anúncios promocionais à obra feita e por fazer.
segunda-feira, janeiro 27, 2003
ENTRETANTO, NO SAMBÓDROMO DE PORTO ALEGRE: Saudamos o Blog de Esquerda pela utilização da palavra «alter-globalização» (embora não seja um neologismo muito mimoso) em vez de «antiglobalização». É perfeitamente legítimo, e saudável, ser contra esta globalização, e reformulá-la noutros termos, mais «sociais» ou o que seja. A esquerda passa demasiado tempo a ser «anti». É tempo de propostas. Vá lá, todos a «participar».
DEZ ANOS CHEGA: Não comentámos até agora as intervenções do Prof. Cavaco porque francamente não queremos saber do Prof. Cavaco para nada. Foi um bom primeiro-ministro globalmente (sublinhado: globalmente), perdeu umas presidenciais de cara levantada, e agora devia encher o pé de meia para a velhice, acabar de escrever as memórias e estar calado. O seu artigo no DN apenas revela uma vocação tecnocrática que radica numa desconfiança da democracia e, mais grave, da política (por isso é que os salazaristas o adoram). Esperemos sinceramente não o ter no boletim em 2006. Se bem que nessa eleição, para dizer a verdade, não tenhamos intenção sequer de gastar a esferográfica.
POLÉMICAS II: Acharam graça, sarcasticamente, a termos falado numa potência «da liberdade» (os EUA) contra uma potência «da opressão» (a URSS) a propósito da Guerra Fria. Têm um ponto de vista diferente sobre o assunto? Gostávamos de o ouvir. Justos céus, quando a situação ficou preta, terá o Adorno ido ensinar para Volgogrado?
POLÉMICAS I: Apreciámos duas tomadas de posição do Blog de Esquerda: não são pacifistas e temem que Lula possa vir a ser apenas um fenómeno mediático e folclórico. Mas se não são pacifistas, o que consideram ser uma guerra justa, e porque marcham lado a lado com os patetas que acham que todas as guerras são injustas? E se preferem o contéudo sobre o folclore, porque abandonaram o PCP pelo Bloco de Esquerda?
TANTO SACO: Já perdemos a conta, mas há nos últimos dias notícias respeitantes a «casos» em mais um punhado de Câmaras. Não vamos estar a contar até 305, com certeza. O que já existe é suficientemente edificante. Cai assim o mito do «grande sucesso» que é o nosso poder local. Bem dizia o Major que não era só no futebol.
AH, LA DOUCE FRANCE IV: A única coisa que nos consola é antever o amplíssimo destaque que terá o sr. Chirac nos livros de História. De Gaulle, arruma as botas...
AH, LA DOUCE FRANCE III: Enquanto pretende impedir (presunção e água benta...) a ataque a Saddam, a França, torneando a proibição comunitária, convida o estimável Mugabe para comer croissants a Paris. Saddam, Mugabe... Há aqui um padrão qualquer, não vos parece?
AH, LA DOUCE FRANCE II: Na Alemanha, o sr. Schroeder, com o governo completamente descredibilizado, faz músculo com os EUA. Mas a Alemanha ainda não sabe bem o seu papel no mundo, e, afinal, tem cinco mihões de muçulmanos dentro de portas. A França é pior: sabe que só é uma potência para a Costa do Marfim, e continua a detestar o país que teve de lhes ir arrumar a casa há coisa de sessenta anos. E também tem, claro, hordas radicais a viver nas suas fronteiras. A cobardia é uma coisa normal. Mas não lhe chamem coragem.
AH, LA DOUCE FRANCE I: Na sequência das recentes declarações de Donald Rumsfeld sobre a Europa e a guerra, a ministra francesa da Ecologia mandou o dito Rumsfeld «à merda». Como é bom pertencer a uma civilização culta e sofisticada. Os Estados Unidos? Que povo vulgar...
WELCOME: Se visitam este blog pela primeira vez, provavelmente foram informados da sua existência por António Granado, no PÚBLICO de sábado (obrigado A.G.). Bem-vindos. Relembramos que se trata de um blog de política, artes, literatura e polémica, mantido, de segunda a sexta, por João Pereira Coutinho, Pedro Lomba e Pedro Mexia. Ideologicamente, é um blog conservador e liberal, mas independente de partidos ou outras organizações. Certamente também viram no PÚBLICO a morada do nosso «site-irmão», o «Blog de Esquerda» (http://blog-de-esquerda.blogspot.com), com quem polemizamos saudavelmente. Não deixem de lá passar. Keep on blogging.